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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Papa Francisco convida bispos do mundo na consagração da Rússia e da Ucrânia a Nossa Senhora

11.jul.2021 - O papa Francisco acena para fiéis em Roma - Filippo Monteforte/AFP
11.jul.2021 - O papa Francisco acena para fiéis em Roma Imagem: Filippo Monteforte/AFP

Gina Marques

Da RFI, em Roma

25/03/2022 07h00Atualizada em 25/03/2022 11h13

O Papa Francisco convidou bispos e sacerdotes do mundo inteiro à consagração da Rússia e da Ucrânia a Nossa Senhora. A oração pela paz será nesta sexta-feira 25 de março às 17 horas (horário local), na Basílica de São Pedro.

Trata-se de mais um apelo pela paz invocado pelo Papa Francisco, neste caso ligado ao segredo de Fátima. Segundo a Igreja Católica, na aparição de 13 de julho de 1917, em Fátima (Portugal), aos três pastorinhos, Nossa Senhora havia pedido a consagração da Rússia a seu Imaculado Coração.

A segunda parte do segredo afirma que, se este pedido não fosse atendido, a Rússia espalharia "seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja". Ela acrescentou que os "bons serão martirizados, o Santo Padre sofrerá muito, várias nações serão destruídas".

Depois das aparições em Fátima, os papas Pio XII, Paulo VI e João Paulo II celebraram a consagração em diferentes datas. Mas a maioria consagrou a humanidade ao coração da Nossa Senhora, apenas Pio XII citou especificamente a Rússia em 1952, diante da difícil situação dos cristãos forçados a viver em um regime ateu.

A escolha do dia não é casual. Em 25 de março de 1984 na Praça São Pedro, João Paulo II consagrou todos os povos ao coração de Maria.

Menos de dois meses depois, em 13 de maio, um acidente numa base naval da Rússia destruiu dois terços dos mísseis da Frota do Norte da União Soviética. O desastre de Severomorsk inabilitou parte das forças soviéticas. Muitos devotos atribuem à intervenção de Nossa Senhora. Naquela época, Moscou se preparava para atacar a Europa Ocidental por ter aceito a presença de um sistema de defesa americano.

Vaticano e a Igreja Ortodoxa russa

Apesar de chamar a atenção para a crise humanitária ucraniana, o Papa Francisco mantém o diálogo com a Igreja Ortodoxa Russa. Não há ambiguidade na posição do Sumo Pontífice e, sim, habilidade diplomática.

A tradição do Vaticano é não acusar explicitamente os agressores e manter um diálogo aberto com ambas as partes. A capacidade do Vaticano de atuar como mediador teve resultados importantes no passado, como na disputa territorial entre a Argentina e o Chile em 1984 ou o degelo entre Cuba e os Estados Unidos em 2014.

Recentemente, em 16 de março, o Papa Francisco teve um encontro em videoconferência com o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill.

Em comunicado, o patriarca de Moscou afirmou que os dois discutiram os "aspectos humanitários da crise em andamento" e a importância de prosseguir com as negociações de paz. Eles também citaram "ações que as igrejas Ortodoxa Russa e Católica Romana poderiam tomar para superar suas consequências".

Segundo o Vaticano, o papa disse a Kirill que "quem paga o preço da guerra são os soldados russos e as pessoas que são bombardeadas e morrem". Ele ainda defendeu que "a Igreja deve evitar a linguagem da política".

Em fevereiro de 2016, o Papa Francisco e o patriarca Kirill se encontraram em Cuba. Foi a primeira vez que o líder da Igreja Católica Apostólica Romana e o primado da Igreja Ortodoxa Russa se reuniram desde o Grande Cisma no ano 1054. Por trás deste encontro houve um enorme movimento diplomático que durou muitos anos.

As posições de Kirill e Francisco são diferentes. O russo vê o conflito armado como uma luta contra um Ocidente cujos certos valores são rechaçados pela Igreja Ortodoxa, como, por exemplo, os direitos dos homossexuais. Kirill é aliado de Vladimir Putin e o chefe do Kremlin mantém a igreja como um dos pilares do poder na Rússia. Já Francisco, antes mesmo da guerra, vinha pedindo orações para o povo ucraniano.

Esforços do papa Francisco para o fim da guerra na Ucrânia

Em 25 de fevereiro, um dia após a invasão da Rússia na Ucrânia, o Papa foi à embaixada russa junto à Santa Sé para "expressar a sua preocupação com a guerra". Uma visita sem precedentes. Foi a primeira vez que um papa se deslocou a uma embaixada numa altura de conflito.

Papa Francisco afirma o direito de Kiev a defender-se de agressão russa, apesar de não citar explicitamente a Rússia. Desde o início desta guerra, o papa vem reiterando seus apelos pela paz.

Em uma oração pública em 16 de março, pediu perdão a Deus em nome dos humanos que "continuam bebendo o sangue dos mortos destruídos pelas armas".

Recentemente, em conversação telefônica, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky convidou o Papa Francisco para atuar como mediador nas negociações entre Ucrânia e Rússia. Ele também convidou o pontífice a visitar a Ucrânia.