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Verão chegou um mês mais cedo na França, com temperaturas recordes para um mês de maio

18/05/2022 16h10

A França enfrenta uma onda de calor excepcional esta semana, com temperaturas anormais para um mês de maio. Nesta quarta-feira (18), os termômetros bateram os 33°C no sul do país, um pico incomum para a primavera, mas que pode se tornar cada vez mais frequente devido ao aquecimento global.

No final do dia, o serviço de meteorologia Météo-France confirmou as máximas registradas em Albi (33,7°C), Toulouse (33,4°C) ou Montélimar (33,8°C). As temperaturas ultrapassam os recordes atingido em 2017, 2009 ou 2001. Na maioria das regiões francesas, os termômetros alcançam entre 28 e 34°C.

A explicação? Um domo de calor que se instalou na Europa Ocidental, tendo a França ao centro, e que deve durar até sexta-feira (20). O chefe do departamento de previsão do tempo do Météo-France, Pascal Scaviner, explica que este fenômeno meteorológico é causado por uma anomalia na circulação geral do ar na Europa Ocidental, provocando a instalação de um eixo de alta pressão vindo da África e que sobe em direção ao norte, até a Bélgica e a Holanda.

As temperaturas estão acima do habitual em várias regiões da França desde o dia 11 de abril, o que deve se confirmar como o período mais longo de calor em dias consecutivos.

Mesmo na Bretanha, região mais ao norte da França e de clima mais temperado, a ilha de Bréhat igualou, esta semana, o recorde de 31 de maio de 1992, com temperatura de 27,8°C.

No Cap Ferret, região de praia no sudoeste da França que bateu o recorde de 34,6°C com os termômetros chegando aos 35°C, os donos de bares viram a clientela desaparecer momentaneamente. "Não tivemos tanta gente assim, estão todos trancados em casa ou na praia", disse Pascal, que atendia clientes em uma sorveteria local.

Dadas as temperaturas médias dos primeiros 17 dias do mês, é "agora muito provável" que de 2022 tenha o mês de maio mais quente já registrado na França, superando de maio de 2011, afirmou a Météo-France.

"É um episódio de calor duradouro, extenso e intenso, excepcional para a temporada", explica Matthieu Sorel, climatologista da Météo-France, alertando que o episódio não corresponde, no entanto, à definição técnica de "onda de calor" (canicule, em francês). Para essa categorização, o "indicador térmico nacional", ou seja, a média das temperaturas registradas em 30 pontos espalhados por todo o território metropolitano, deve ultrapassar 25,3°C por três dias consecutivos, incluindo a noite, o que não é o caso por enquanto.

Previsão de seca 

Se os turistas estão aproveitando as praias, com esse verão que chega mais de um mês antes da hora (21 de junho no hemisfério norte), os agricultores franceses estão preocupados com suas colheitas. "Temos um mês de maio que não é apenas muito quente, mas também muito seco. Da fronteira belga ao Atlântico, temos um déficit de chuvas de 20 a 30%", afirma Olivier Proust, meteorologista da Météo-France.

O governo francês publicou um mapa de risco de seca nesta quarta-feira e nada menos do que 22 departamentos aparecem em vermelho, ou seja, com um risco "muito provável" até o final do verão, principalmente no sudeste e oeste do país. Restrições ao uso da água já foram tomadas em 16 regiões.

"É um ano muito seco. A tendência lembra o ano de 2019", observa o departamento de água e biodiversidade do Ministério da Transição Ecológica. "A anormalidade da temperatura é atípica e a situação de nossos lençóis freáticos está com uma recarga bastante baixa", afirma o executivo.

O mapa publicado nesta quarta-feira "mostra que o verão de 2022 pode ser marcado por queda do nível dos rios ou baixas acentuadas do lençol freático em todo o território", resume o ministério.

Com as alterações climáticas, os períodos de calor devem se tornar mais frequentes e tendem a surgir mais cedo na primavera, completa a Météo-France.

(Com informações da AFP)