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Derrota de coligação de Macron nas legislativas coloca em risco governabilidade da França

20/06/2022 05h21

"Um grande revés político para Macron". Com esta manchete, o jornal Le Monde analisa nesta segunda-feira (20) a nova composição da Assembleia Nacional francesa, formada por 577 deputados. A coalizão de partidos governistas perdeu a maioria absoluta na Casa, e o chefe de Estado francês, reeleito há dois meses para um mandato de cinco anos, se vê impedido de aplicar suas reformas.

"Um grande revés político para Macron". Com esta manchete, o jornal Le Monde analisa nesta segunda-feira (20) a nova composição da Assembleia Nacional francesa, formada por 577 deputados. A coalizão de partidos governistas perdeu a maioria absoluta na Casa, e o chefe de Estado francês, reeleito há dois meses para um mandato de cinco anos, se vê impedido de aplicar suas reformas.

Segundo resultados publicados pelo Ministério do Interior, a coligação Juntos, liderada pelo partido do presidente francês, elegeu 245 deputados quando precisava de 289 para ter a maioria na Assembleia. Com este resultado, aliados de Macron temem uma "paralisia total" do Executivo e já evocam a possibilidade de ocorrer uma dissolução da Assembleia Nacional daqui a um ano.

Para Le Monde, o resultado das urnas revela um enorme repúdio ao presidente Emmanuel Macron. "O fracasso dos governistas contrasta com o avanço da Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), liderada por Jean-Luc Mélenchon, que conquistou 131 assentos na Assembleia, e um desempenho sem precedentes do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, que abocanhou 89 cadeiras.

"Macron aparece isolado, na manhã desta segunda-feira, no centro de um cenário político que virou de cabeça para baixo, com uma Assembleia sem maioria clara", noticia a agência AFP. "A França avança politicamente para um território desconhecido", assinala a agência, que também destaca a queda no número de mulheres eleitas - 37,3% contra 39%, em 2017. 

"Salto no desconhecido"

O diário Le Parisien diz em sua manchete que a França se tornou "ingovernável" com essa composição do Parlamento. Macron precisa angariar 44 deputados para obter a maioria nas votações de projetos de lei do Executivo. A tendência natural seria buscar o apoio de parlamentares de direita, especialmente do partido Os Republicanos. Mas o atual presidente da sigla dos ex-presidentes Chirac e Sarkozy já declarou que será uma força de oposição. 

Com a imagem do presidente da República de cabeça baixa em sua capa, o Libération diz que Macron levou "uma bofetada" nas urnas. De acordo com o editorial, a pretensão do projeto de Macron, que consistiu em atrair para o centro tanto políticos de direita quanto de esquerda, sem estabelecer uma linha ideológica clara, acabou alimentando os extremos. 

Com a esquerda radical fortalecida no Parlamento e uma bancada de extrema direita histórica, de 89 deputados, a França dá um salto no desconhecido, conclui Le Figaro