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Nova premiê britânica vai congelar preços da energia para combater a crise

08/09/2022 11h00

A nova primeira-ministra britânica, Liz Truss, anunciou nesta quinta-feira (8) um pacote de medidas contra a crise energética. A principal delas é o congelamento de preços da energia por dois anos para as famílias. A chefe do governo também promete o fim de uma moratória dos fraturamentos hidráulicos e reexaminar os objetivos climáticos do Reino Unido.

O congelamento dos preços da energia é uma resposta da chefe do governo ao aumento de 80% das tarifas, previsto para 1º de outubro. A medida representará uma economia de cerca de £1.000 (quse R$ 6.000) por ano por família.

Empresas e instituições como escolas e hospitais receberão "um auxílio equivalente por seis meses", disse Truss no Parlamento, dois dias após ser nomeada ao cargo, no lugar de Boris Johnson. "É hora de sermos ousados. Enfrentamos uma crise energética (...) e essas intervenções terão um custo", alertou, após ter tido seu discurso interrompido várias vezes.

Na véspera, Truss havia se esquivado das perguntas da oposição sobre como ela pensa em financiar políticas que devem aumentar a já muito alta dívida pública britânica. Mas nesta quinta-feira, ela indicou apenas que o governo pagará às empresas de energia a diferença de preço. A nova premiê, no entanto, não forneceu detalhes sobre o custo da medida, aguardando seu novo ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, apresentar um orçamento este mês.

Vários veículos da imprensa britânica estimam em £ 150 bilhões (quase R$ 900 milhões) o valor total do pacote  energético. Esse número é mais do que o dobro dos £ 70 bilhões que foram gastos para pagar os salários dos ativos que ficaram sem trabalho durante os confinamentos em meio à pandemia de Covid-19.

Mas Truss garantiu que apesar do custo elevado, o programa terá "benefícios substanciais" para uma economia britânica à beira da recessão, com uma inflação já superior a 10% e que deve atingir 14% no final do ano. Truss e Kwarteng disseram, em comunicado, que as novas medidas reduzirão entre quatro e cinco pontos percentuais da inflação.

Neutralidade de carbono

A primeira-ministra também pretende retirar temporariamente os impostos destinados a financiar a transição para a neutralidade de carbono, que o Reino Unido prometeu alcançar em 2050. Garantindo estar "totalmente comprometida" com a ideia de atingir zero emissões líquidas do CO2 nessa data, a nova chefe do governo explicou que isso nao deve representar um ônus excessivo para empresas e consumidores.

A primeira-ministra também anunciou um aumento das licenças para a extração de petróleo e gás no Mar do Norte e o fim de uma moratória dos fraturamentos hidráulicos, um método controverso de extração de combustível fóssil que até agora era proibido no Reino Unido.

A construção de usinas nucleares e a produção de energia renovável também serão promovidas. "Décadas de pensamentos de curto prazo em questões de energia" e a incapacidade de garantir seu fornecimento tornaram o Reino Unido, que depende em grande parte da importação de gás para cobrir suas necessidades de energia, vulnerável às crises de preços, denunciou Truss.

A chefe do governo, que tem no currículo um passado de executiva da gigante do petróleo Shell e que, durante a campanha para se tornar a nova líder do Partido Conservador, defendeu políticas ultraliberais, declarou ser fortemente contra a aplicação de mais impostos às empresas de energia, para ajudar as famílias britânicas.

(Com informações da AFP)