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Roger Federer: A despedida e as homenagens para uma lenda do tênis

18/09/2022 12h36

A notícia já era esperada. Mas ninguém tinha pressa em ouvir. O anúncio feito por Roger Federer de que iria se aposentar das quadras de tênis no final de setembro sacudiu o mundo do esporte e desencadeou uma avalanche mundial de homenagens a um dos maiores nomes da história do tênis.  

Em um comunicado divulgado na última quinta-feira (15) e também por meio de uma mensagem de vídeo, Roger Federer explicou as razões que o levaram, aos 41 anos, a dizer adeus ao circuito profissional, após o torneio Laver Cup, a ser disputado em Londres, entre os dias 23 e 25 de setembro.

"Como muitos de vocês sabem, os últimos três anos trouxeram desafios em forma de lesões e cirurgias. Trabalhei muito para voltar em plena forma de maneira competitiva. Mas também sei da capacidade e limites do meu corpo e os sinais para mim, ultimamente, têm sido claros. Eu tenho 41 anos de idade, já joguei mais de 1.500 partidas em 24 anos. O tênis tem me tratado com mais generosidade do que eu jamais sonharia. E agora devo reconhecer que é o momento de terminar a minha carreria competitiva".  

Federer admitiu que foi uma decisão que trouxe sentimentos contraditórios. "Esta é uma decisão amarga e doce ao mesmo tempo, porque vou sentir falta de tudo o que o circuito me proporcionou. Mas, ao mesmo tempo, há muito o que comemorar. Eu me considero uma das pessoas mais sortudas da Terra. Recebi um talento especial para jogar tênis e o fiz em um nível que nunca imaginei, por muito mais tempo do que jamais imaginei ser possível", disse o jogador.

O anúncio da despedida emocionou os milhões de fãs no mundo inteiro, o universo do tênis e seus principais rivais. Pelas redes sociais, dois de seus maiores adversários expressaram admiração pelo suíço.

O espanhol Rafael Nadal se referiu a ele como um amigo e rival. E disse: "gostaria que esse dia nunca chegasse. Foi um prazer, mas também uma horna e um privilégio compartilhar todos esses anos com você vivendo tantos momentos incríveis dentro e fora de quadra".  

 

Novak Djokovicic demorou 24 horas para se exprimir. Mas no texto no Instagram, escreveu: " sua carreira deu o tom para o que significa alcançar a excelência e liderar com integridade e equilíbrio. É uma honra conhecê-lo dentro e fora do circuito por muitos anos ainda".

O suíço e o espanhol protagonizaram alguns dos duelos mais inesquecíveis das últimas décadas. Djokovic e Federer se enfrentaram 50 vezes, com vantagem para o sérvio que venceu 27 partidas, sendo 11 em Grand Slams. A mais memorável delas foi na final de 2019, quando Djokovic salvou dois match points antes de vencer a final mais longa da história de Wimbledon (4h57), privando o suíço do 21° título de Grande Slam. Na despedida de Federer, na Laver Cup, os dois vão jogar juntos na equipe europeia ao lado de Rafael Nadal e Andy Murray contra uma equipe formada de tenistas de outras regiões do mundo.

Roger Federer começou no circuito profissional em 1998, antes de completar 18 anos, no torneio de Gstaad, em seu país natal. Acumulou diversos recordes nos mais de 24 anos de carreira. Foram mais de 1.500 jogos, e um total de 103 títulos só em torneios de simples. Até o momento, foram 1.251 vitórias nas quadras, pouco atrás de Jimmi Connor (1274) e de Martina Navratilova (1442).

Ao lado de Stanislas Wawrink ergueu a úncia Copa Davis para a Suíça, em 2014.  Terminou a temporada como número 1 do mundo em cinco ocasiões (2004, 2005, 2006, 2007, 2009). Federer também foi o sexto jogador a conquistar os quatro torneios de Grand Slams e maior feita na sua vitoriosa carreira: ergueu no total de 20 títulos de Grand Slams, sendo 8 em Wimbledon, onde marcou a história do torneio londrino como o maior vencedor individual.  Além de Wimbledon (2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009, 2012, 2017), foram 6 títulos do Aberto da Austrália (2004, 2006, 2007, 2010, 2017, 2018), 5 do US Open (2004, 2005, 2006, 2007, 2008) e apenas 1 Roland-Garros (2009).  

Roger Federer começou no circuito profissional em 1998, antes de completar 18 anos, em seu país natal. Acumulou diversos recordes nos mais de 24 anos de carreira. Foram mais de 1500 jogos, e um total de 103 títulos só em torneios de simples. Terminou como o número 1 do mundo em cinco ocasiões: de 2004 a 2007 e em 2009. E o maior feito na sua vitoriosa carreira: erguer um total de 20 títulos de Grand Slam, sendo 8 em Wimbledon, onde marcou a história do torneio londrino como maior vencedor individual. 

Com seu adeus, uma página da história do tênis será virada. Ela ficará registrada como a realização de um sonho de um menino suíço, que quando era catador de bolas, aos 8 anos, sonhou em se tornar profissional. Nas quadras, será lembrado pelo estilo de jogo elegante, o respeito pelos adversários, além claro, das inúmeras conquistas.

Para o tenista brasileiro Bruno Soares, o suíço marcou uma era do esporte e não apenas nas quadras. "Federer transformou o mundo do esporte e não apenas do tênis. Não é em números, mas provavelmente é o melhor de todos os tempos em vários quesitos: talento, elegância, humildade e carisma. Ele marcou o esporte e o mundo do entretenimento de um modo geral", disse. "Ele é um ícone não apenas para o tênis e uma referência mundial. É um dia triste para o tênis porque a gente perde esse privilégio de mais de 20 anos que foi acompanhar o maestro jogando. Foi uma das coisas mais bonitas que o esporte já proporcionou. Fica a história que ele fez e ele sempre vai estar no coração de todo mundo perpetuando tudo o que ele conquistou", finalizou.

Para a tenista número 1 do Brasil, Bia Haddad Maia, Roger Federer foi um exemplo: "Ele sempre foi um cara que agregou muitos valores humanos. Ele sempre demonstrou muito amor, carinho pelo tênis e seus adversários. Ele conseguiu jogar em alto nível por duas gerações diferentes e completas. O que ele fez é incrível", resumiu.

Para quem teve o prazer de ver de perto o suíço jogar, fica um momento que nunca se apagará da lembrança. É o caso da roteirista de cinema mineira Isabel Borges, uma fã incondicional de Federer. Ela conta que já viajou à Suíça só para ver o ídolo jogar. "Viajei do Brasil para a Basiléi, cidade natal do Federer para vê-lo jogar lá, no torneio onde começou como gandula. Foi muito especial este momento", recordou. Ela disse ter chorado ao saber da notícia da aposentadoria do tenista. "Minha primeira reação foi de lágrimas, comecei a chorar. É triste pensar que a gente não mais vai vê-lo jogar. Por outro lado, foi um privilégio ter acaompanhado a carreira dele que é incrível", destaca.  

Em números, a carreira de Federer também que lhe rendeu muito dinheiro. Ele foi o esportista mais bem pago do mundo entre 1° de junho de 2019 e 10 de junho de 2020 com um ganho total de US$ 106,3 milhões, segundo a revista Forbes, sendo US$ 100 milhões de contratos publicitários e patrocinadores privados. Ele terá a partir do último torneio, mais tempo para se dedicar à família e aos projetos pessoais. Se depender da sua últimas palavras e promessa ao anunciar sua aposentadoria, ele não deverá ficar tão distante do esporte que o consagrou.

"Quero agradecer do fundo do meu coração a todos os que, ao redor do mundo, me ajudaram a tornar realidade os sonhos de um jovem suíço que era catador de bolas. Finalmente, para o jogo de tênis...  eu te amo e nunca vou deixá-lo", disse.