Número de vítimas de violências conjugais na França aumentou 21% em 2021
O número de vítimas de violências conjugais registrado pela polícia na França em 2021 ultrapassou os 200.000 casos. Um aumento de 21% em relação ao ano anterior, marcado pela pandemia de covid-19, quando vigoraram lockdowns no país, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira (15) pelo serviço de estatística do ministério do Interior francês (SSMSI).
Ao todo, 207.743 vítimas, majoritariamente mulheres, foram registradas em 2021, de acordo com o documento. O número de casos de violência conjugal registrados pelas forças de ordem "praticamente dobrou desde 2016", salienta o SSMSI.
O aumento é tão amplo quanto o observado em 2019 (18%), após uma regressão em 2020 (12%).
As estatísticas mostram que "as mulheres se exprimem cada vez mais: elas registram queixas (nas delegacias), e isso é bom", disse à AFP Françoise Brié, diretora da Federação Nacional de Solidariedade com as Mulheres (FNSF), que administra um número de denúncia e escuta.
Os dados indicam também que "a violência não diminui" e que "é um problema de grandes dimensões", acrescenta a diretora. "Todos os sinais são de alerta".
Através das ligações das vítimas tratadas pela FNSF em 2021, a federação constatou um aumento das tentativas de feminicídio, de estupros pelo cônjuge, de ameaças de morte ou de casos de violência cometidos por agressores recorrentes.
Depois da denúncia, "é necessário dar resposta a estas mulheres, por isso é preciso aumentar os recursos da polícia e da Justiça", insiste Brié.
Para Pauline Baron, do coletivo feminista #NousToutes (Nós todas), a alta das queixas mostra "o impacto do movimento MeToo". "Há alguns anos, não falávamos dessas violências sob pretexto de que elas aconteciam em um contexto privado. Hoje, há uma conscientização das mulheres de que o que elas vivem não é normal, que são crimes ou delitos, que elas podem denunciar", comemora.
Vítimas jovens
Cada vez mais vítimas decidem denunciar muito tempo após as agressões. A parcela de delitos antigos, cometidos antes do ano da denúncia, passou de 18% em 2016 a 28% em 2021.
Menos de uma vítima de violência conjugal entre quatro denunciou seu agressor, de acordo com a pesquisa Genese, do ministério do Interior, sobre o ano de 2020. "É um dos grandes problemas. Isso mostra que ainda existe uma grande desconfiança com relação à Justiça e à polícia, que às vezes se recusa a aceitar a denúncia, ou minimiza os fatos", comenta Pauline Baron.
Dois terços das violências registradas em 2021 foram físicas e um pouco menos de um terço, psicológicas ou verbais, de acordo com o ministério.
Segundo o SSMSI, as violências sexuais conjugais registradas são pouco frequentes (4% das vítimas). Em 85% dos casos, trata-se de um estupro ou de uma tentativa.
A maioria das vítimas de violências cometidas pelos parceiros ou ex-parceiros são mulheres (87%) e 89% dos acusados, em 2021, eram homens.
As vítimas são jovens, a maioria tem entre 25 e 39 anos.
Um estudo da delegação para vítimas (DAV) do ministério registrou, em 2021, um total de 143 homicídios conjugais. Em 86% desses casos de mortes com violência envolveram mulheres.
Desde 2016, o total anual de mortes permaneceu estável, oscilando em torno de 150.
Globalmente, há menos violências conjugais registradas no meio rural que no urbano. Em todo o território francês, 0,84% das mulheres de 15 a 64 anos foram vítimas.
(Com informações da AFP)
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