Cobrado por pais, Tarcísio lamenta morte de estudante baleado por PM

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), lamentou a morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta após a família do jovem cobrar um posicionamento. Marco Aurélio, de 22 anos, foi morto na madrugada de quarta-feira (20), após levar um tiro durante uma abordagem policial na Vila Mariana, zona sul de São Paulo.

O que aconteceu

O governador de São Paulo publicou uma nota no X lamentando a morte do jovem. Tarcísio disse, na noite desta quinta-feira (21), que "essa não é a conduta que a polícia deve ter".

"Abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos", disse o governador. Na mesma publicação, o líder do governo paulista disse que a Polícia Militar é "a mais preparada do país e está nas ruas para proteger".

O posicionamento vem após cobranças da família da vítima. Os pais de Marco Aurélio, os médicos Julio Cesar Acosta Navarro e Silvia Mônica Cardenas Prado, deram entrevista à TV Record criticando a atuação da polícia paulista: "Quero ver alguém que me dê explicações para dar conforto a toda a família. Quem vai devolver o meu filho?", questionou Julio Cesar Acosta Navarro".

A mãe direcionou cobranças ao governador de São Paulo. "O que o senhor está fazendo para evitar mortes como a do meu filho? O que justifica esse policial ter matado o meu filho?", disse a mãe. Ela pedindo para que Tarcísio "tenha a decência de pedir perdão".

O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, disse que o governador de São Paulo "é o maior responsável" pela atuação violenta da polícia. A fala aconteceu durante entrevista ao UOL News nesta quinta-feira (21).

Eu avalio que o governador nessa cadeia de comando é a maior autoridade responsável por tudo que está acontecendo. Já foram apontadas em inúmeros momentos, ao longo dos últimos dois anos, várias questões relacionadas à forma e à postura que a polícia tem tido no estado. Se ele não toma as providências que deveriam ter sido tomadas já há muito tempo, ele precisa, sim, ser responsabilizado. Assim como eu avalio que vários órgãos que deveriam estar atuando e não estão atuando precisam também ser responsabilizados.
Claudio Aparecido da Silva, ouvidor das polícias de São Paulo

Entenda o caso

Um policial militar matou Marco Aurélio com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul de São Paulo na madrugada desta quarta. Os policiais envolvidos no caso foram afastados.

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Os policiais chegaram ao local e viram o estudante "bastante alterado" e agressivo, segundo o boletim de ocorrência. Ele chegou a ir para cima dos policiais.

O resgate foi acionado e o estudante foi levado ao Hospital Ipiranga, mas morreu pela manhã. No boletim de ocorrência os agentes disseram que o jovem havia tentado pegar a arma de um dos policiais. Contudo, imagens das câmeras de segurança do hotel não mostram isso.

Família defende que Marco Aurélio foi executado pelos policiais. Ele não teria batido na viatura, como alegado pelos PMs. As imagens também não mostram ele tentando pegar a arma dos agentes, afirma a defesa.

Defesa também negou que Marco Aurélio tivesse agredido mulher que o acompanhava no hotel. À polícia, ela contou que era garota de programa e que o jovem devia dinheiro a ela. Segundo o advogado da família, ela era uma amiga do jovem e nenhuma briga aconteceu no local. "As discussões que ocorriam eram normais de casais, sem agressões físicas", afirmou.

Os policiais deveriam ter um treinamento sobre onde [o tiro] é fatal, onde [o tiro] é para neutralizar. Sem contar que ele estava sem camisa, não tinha nada. Você vê que foi a maior covardia. Eu sinto dor, mas também sinto raiva.
Júlio César Acosta Navarro, pai de Marco Aurélio, à TV Globo

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