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Após bombardeio, Kherson fica sem luz; EU reforça sanções contra Rússia

16/12/2022 05h40

Kherson, cidade do sul da Ucrânia recentemente recuperada por Kiev, ficou sem luz nesta quinta-feira (15) após um bombardeio realizado pela Rússia, que será alvo de novas sanções impostas pela União Europeia (UE).

Longe de diminuir, o conflito deve continuar no início do ano, disse o comandante-em-chefe do exército ucraniano, Valery Zaluzhny, que prevê uma nova ofensiva russa em Kiev nos primeiros meses de 2023.

Por enquanto, as hostilidades estão concentradas no leste e no sul da Ucrânia, onde Kherson, retomada em novembro pelas forças de Kiev, foi alvo de bombardeios pesados que mataram duas pessoas e deixaram a cidade sem eletricidade.

O exército russo atacou Kherson "em mais de 16 ocasiões" nesta quinta-feira, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"O inimigo voltou a atacar o centro da cidade, a 100 metros da administração regional" bombardeada no dia anterior, afirmou o chefe adjunto da administração presidencial ucraniana, Kyrylo Tymoshenko, no Telegram.

O bombardeio deixou "dois mortos", acrescentou.

O ataque atingiu "um prédio usado por autoridades locais, grupos de voluntários e organizações humanitárias para distribuir ajuda aos habitantes de Kherson", disse a coordenadora humanitária da ONU na Ucrânia, Denise Brown.

Ela também disse que ficou "chocada" com a morte de uma mulher que "trabalhava dirigindo uma ambulância para a Cruz Vermelha ucraniana".

Sem eletricidade 

Pouco depois, o governador regional, Yaroslav Yanushevych, informou que os ataques deixaram a cidade "totalmente sem energia elétrica".

A Rússia lança mísseis e drones contra infraestruturas de energia de Kherson e de outras cidades ucranianas desde outubro.

Milhões de ucranianos agora têm apenas algumas horas de eletricidade por dia, com cortes de água e aquecimento, em meio a temperaturas congelantes.

Em resposta a esses ataques e à situação crítica na Ucrânia, a UE aprovou um nono pacote de sanções contra a Rússia e uma ajuda de 18 bilhões de euros a Kiev.

Os Estados Unidos, por sua vez, anunciaram a ampliação de seu programa de treinamento de soldados ucranianos.

Libertada pelo exército ucraniano há um mês, a cidade de Kherson tem sido alvo de bombardeios russos quase diários desde então.

"Temos feridos praticamente todos os dias e mortes praticamente todos os dias. E esta situação vai continuar", afirmou uma autoridade regional, Yuri Sobolevsky, citado nesta quinta-feira pela televisão pública Suspilné.

População deixa Kherson

Diante de ataques quase constantes e das difíceis condições de vida em Kherson, as autoridades pedem aos moradores que se retirem da cidade para áreas mais seguras, disse Sobolevsky.

Centenas de pessoas saem da cidade todos os dias, segundo este funcionário.

No total, cerca de 11 mil moradores deixaram Kherson desde o anúncio das evacuações voluntárias pelas autoridades ucranianas, estimou a vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk.

"Infelizmente, os bombardeios permanentes impedem que a capital regional recupere totalmente sua vida normal", disse ela. "Veja o que a Rússia está fazendo com Kherson hoje", acrescentou.

Logo após o início da invasão russa em fevereiro, as forças de Moscou ocuparam a cidade - que até então tinha uma população de cerca de 300 mil habitantes - e praticamente toda a região.

Quando o exército ucraniano tomou a cidade das forças russas, essas tiveram que se retirar para a outra margem do rio Dnieper.

Antes de sua retirada, porém, os russos destruíram a infraestrutura dos serviços públicos básicos, segundo as autoridades locais.

No leste da Ucrânia, a situação no front permanece tensa.

Na região de Donetsk, "as direções de Bakhmut e Avdivka continuam sendo o epicentro dos combates", disse o vice-ministro da Defesa ucraniano, Ganna Maliar, nesta quinta-feira.

Bombardeio "massivo" em Donetsk 

As autoridades separatistas pró-Rússia relataram nesta quinta-feira um bombardeio ucraniano em Donetsk, "o mais massivo desde 2014", ano em que a cidade ficou sob o controle desses rebeldes apoiados por Moscou.

Pelo menos um civil morreu e nove outros ficaram feridos, afirmou Alexei Kulemzin, chefe do governo russo de Donetsk.

No plano internacional, a ONU anunciou ter registrado centenas de execuções sumárias de civis durante os primeiros meses da invasão russa, o que aponta para possíveis "crimes de guerra".

Uma comissão de investigação da ONU registrou 441 execuções sumárias e mortes em três regiões da Ucrânia - Kiev, Chernihiv e Sumi - durante sua ocupação entre o final de fevereiro e o início de abril, informou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.

"Os números reais provavelmente são consideravelmente maiores", acrescentou.

(com AFP)