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Ucrânia tenta restabelecer fornecimento de energia após bombardeios russos

17/12/2022 04h48

A Ucrânia tentava nas primeiras horas deste sábado (17) restabelecer a eletricidade cortada após uma onda de bombardeios russos contra sua infraestrutura, o que a União Europeia denunciou como um crime de guerra. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, informou que Kiev e outras 14 regiões foram afetadas por cortes de água ou energia, mas afirmou que já se trabalhava para solucionar o problema.

Ao todo, 74 mísseis foram disparados, em 60 foram derrubados, de acordo com o Exército da Ucrânia. No sul do país, em Kryvyi Rig, cidade natal do presidente ucraniano, três pessoas morreram depois que um míssil atingiu um prédio residencial, informou o governador regional.

Autoridades instaladas por Moscou na cidade ucraniana de Lugansk, leste do país, afirmaram que 11 pessoas morreram e 17 ficaram feridas em bombardeios da Ucrânia naquela região, controlada pela Rússia.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, condenou hoje "o terror indiscriminado" da Rússia contra a Ucrânia. Em um novo pacote de sanções, o bloco proibiu a exportação de motores de drones para a Rússia e "para todos os países terceiros" que possam facilitar esses elementos a Moscou.

Reveses militares

Nos últimos meses, a Rússia sofreu uma série de reveses militares no sul e nordeste da Ucrânia. Desde então, Moscou optou por bombardear as instalações de energia do país, o que deixa milhões de ucranianos sem luz e calefação em um período de temperaturas gélidas.

Em Kiev, as temperaturas oscilavam entre -1°C e -3°C nesta sexta-feira (16). A capital resistiu a "um dos maiores ataques com mísseis" desde o começo da invasão russa, em 24 de fevereiro, afirmou o comando militar da região.

Muitos moradores da capital passaram horas abrigados no metrô. "Quando acordei, vi um míssil no céu e soube que tinha que ir para o metrô", contou a atriz Lada Korovay, 25. O prefeito de Kiev, Vitali Klitchko, informou que apenas um terço dos habitantes da cidade dispunham de água e calefação, e 40%, de eletricidade.

"Minha filha diz que é como viver em uma caverna. Você simplesmente não tem nada, porque é claro que não há internet. Além disso, também não há rede telefônica, porque não há eletricidade em nenhum lugar de Kiev e as torres de rede também estão desconectadas. Não temos conexão, nem telefone, nada. É uma época louca. Vivemos como se estivéssemos em porões! Abastecemos água, compramos um fogareiro de viagem, pequeno, que só esquenta um prato de cada vez. Mas precisamos de um balão de gás, e seus preços subiram muito nas lojas. Recebemos da China baterias portáteis e pequenas lâmpadas que funcionam como velas. Nós os conectamos às baterias e funciona. É bastante satisfatório", conta o morador Stepan à enviada especial da RFI Clea Broadhurst.

O comandante das Forças Armadas, Valery Zaluzhny, declarou ontem que prevê uma nova ofensiva russa contra Kiev nos primeiros meses de 2023. Os combates se concentram atualmente no leste e sul da Ucrânia, onde os bombardeios também deixaram diversas cidades sem luz.

Reação à ajuda de € 1 bilhão

Kharkiv foi uma das cidades atingidas, informou o prefeito Igor Terekhov. Autoridades locais anunciaram na noite desta sexta-feira que haviam restabelecido a eletricidade em 55%. Na região homônima, a proporção era de 85%.

Os ataques também afetaram a região de Zaporíjia, onde fica a maior central nuclear da Europa, afirmou o governador Oleksandr Staruch. Os bombardeios russos aconteceram depois que os aliados ocidentais da Ucrânia anunciaram uma ajuda de € 1 bilhão para a reconstrução das infraestruturas do país.

Nesta sexta-feira, o governo de Belarus anunciou que o presidente russo, Vladimir Putin, visitará o país na segunda-feira (19) para uma reunião com o colega e aliado Alexander Lukashenko. Algumas tropas de Moscou partiram do território bielorrusso no início da ofensiva.

Minsk informou que os dois presidentes terão um encontro privado e negociações mais amplas com seus ministros sobre a "integração Belarus-Rússia". Os países se comprometeram com um amplo leque de programas para aprofundar seus laços econômicos e de segurança.

"Os presidentes devem priorizar as questões de segurança", afirmou o governo de Belarus.

(Com informações da AFP)