Ucrânia denuncia ataques russos "massivos" contra sua infraestrutura energética
A Ucrânia denunciou novos ataques "massivos" com mais de 120 mísseis russos na manhã desta quinta-feira (29) contra diversas regiões, incluindo a capital Kiev, uma nova investida destinada a destruir a infraestrutura de energia do país em pleno inverno.
Depois de uma série de reveses militares em terra, o Kremlin mudou de tática e, em outubro, começou a atingir regularmente transformadores e usinas elétricas com disparos de dezenas de mísseis e drones da Ucrânia, sob um contexto de grave escassez de energia e mergulhando milhões de ucranianos no frio e na escuridão.
Esses atentados ocorrem poucos dias antes do Ano-Novo, a principal festa familiar desta época na maioria dos países da região. "O inimigo está atacando a Ucrânia em diversas frentes, com mísseis de cruzeiro disparados de aviões e navios", anunciou a Força Aérea ucraniana nas redes sociais.
"Mais de 120 mísseis foram lançados para destruir a infraestrutura civil essencial e matar cidadãos em massa", acrescentou o assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak no Twitter, sem informar um número de possíveis vítimas.
Cerca de 90% da cidade de Lviv, a maior no oeste da Ucrânia, estava sem eletricidade nesta quinta-feira após esses novos atentados. "90% da cidade está sem eletricidade (...) Os bondes e ônibus elétricos já não circulam na cidade, podem haver cortes de água", indicou o prefeito de Lviv, Andriï Sadovy, na rede social Telegram.
"Recarreguem seus telefones"
Em Kiev, o prefeito Vitali Klitschko informou que três pessoas ficaram feridas, incluindo uma menina de 14 anos, todos hospitalizados. Ele também alertou seus moradores que a cidade, já muito afetada pela falta de energia, pode se deparar com novos "cortes de abastecimento". "Recarreguem seus telefones e outros dispositivos. Estoquem água", escreveu no Telegram.
Em Odessa, um importante porto no sudoeste da Ucrânia, 21 mísseis russos foram derrubados pela defesa antiaérea ucraniana, de acordo com o governador Maksym Marchenko. Mas outros atingiram sua meta, então há "cortes de energia de emergência" na cidade, ele advertiu.
Em Kharkiv, no nordeste, na fronteira com a Rússia, os bombardeios também atingiram a "infraestrutura crítica", informou o governador Oleg Sinegoubov, acrescentando que "o saldo de destruição e baixas estava sendo estabelecido".
Desde outubro, a Rússia lançou centenas de mísseis e drones contra a infraestrutura ucraniana. Com isso, Kiev pede a seus aliados ocidentais que aumentem sua ajuda militar mais rapidamente para fornecer ao país mais sistemas de defesa antiaérea.
Resposta aos ataques ucranianos
O presidente russo, Vladimir Putin, justificou essa tática de ataques massivos que afetaram milhões de civis no início de dezembro, considerando que eram uma resposta aos ataques ucranianos contra a infraestrutura russa.
Putin também sempre apresenta sua invasão da Ucrânia, que já dura mais de dez meses, como uma necessidade para a segurança nacional, garantindo que o Ocidente estava usando a Ucrânia como ponte principal para ameaçar a Rússia. Ainda na quarta-feira (28), o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, considerou que a guerra foi "preparada pelo Ocidente via Ucrânia" contra a Rússia.
Diante de graves reveses militares diante dos ucranianos armados pelo Ocidente, Moscou mobilizou 300 mil reservistas, incluindo muitos civis, para estabilizar suas frentes. Moscou reivindica a anexação de quatro regiões do sul e leste da Ucrânia, que o exército russo ocupa parcialmente.
A luta também continua intensa, com uma batalha particularmente sangrenta por Bakhmut, uma cidade no leste que a Rússia vem tentando conquistar há meses, e Kreminna que as forças ucranianas estão tentando retomar. Kherson, no sul do país, de onde as forças russas se retiraram em 11 de novembro, é agora alvo de ataques quase diários.
As perspectivas de negociações de paz são quase inexistentes. A Ucrânia exige a retirada de todas as forças russas do país, enquanto Moscou quer que Kiev ceda pelo menos as quatro regiões que reclama desde setembro, bem como a Crimeia anexada em 2014.
(Com informações da AFP)
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