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Equatorianos vão às urnas em eleições regionais e respondem a referendo, em contexto de violência

05/02/2023 16h37

Cerca de 13,4 milhões de equatorianos votam neste domingo (5) para eleições locais e para um importante referendo que decidirá, entre outras medidas, se o país aceita a extradição de narcotraficantes para os Estados Unidos.

"Equatorianos, exerçam seu direito de voto pela segurança e bem-estar do Equador", tuitou o presidente Guillermo Lasso, logo após votar em Guayaquil (sudoeste).

Os eleitores devem escolher seus prefeitos, conselheiros municipais e prefeitos provinciais (governadores) que tomarão posse em maio para um mandato de quatro anos.

O pleito serve como um teste para o presidente de direita, no poder desde 2021, e cuja impopularidade atingiu recordes (80% segundo a última sondagem).

A votação "acontece em absoluta normalidade (...)", informou a Comissão Eleitoral (CNE) por volta do meio dia, pelo horário local. 

O pleito ocorre em um contexto preocupante de crescente violência no país, ligada ao narcotráfico. No sábado, um candidato a prefeito de uma cidade costeira foi assassinado, duas semanas depois que outro candidato também foi morto em outra cidade costeira.

"O país está marcado pela insegurança e isso se deve às máfias criminosas que estão se desenvolvendo", disse Jorge Cevallos, 63 anos, eleitor de Quito.

No final de janeiro, o governo havia alertado contra cerca de trinta candidatos, possivelmente ligados ao narcotráfico e outras atividades criminosas.

Referendo

Paralelamente, os eleitores devem decidir sobre oito questões, no quadro de um referendo convocado em novembro pelo presidente Lasso, sobre vários temas de segurança, política e meio ambiente.

No centro do debate, está a extradição de equatorianos, proibida há oito décadas. Como parte de sua luta contra o narcotráfico, o presidente Lasso defende a entrega de equatorianos a outros países, caso cometam delitos relacionados ao crime organizado internacional. O objetivo é a extradição para os Estados Unidos de narcotraficantes, com o risco de ficarem presos por muitos anos.

A medida vinha sendo usada com sucesso na vizinha Colômbia desde os anos 1990, atuando como um elemento dissuasor contra os chefes do tráfico naquele país, o maior produtor mundial de cocaína.

Nos últimos anos, o Equador registrou um aumento na violência e no crime relacionados ao tráfico, juntamente com as apreensões de drogas. A taxa de homicídios quase dobrou entre 2021 e 2022. As prisões são palco de massacres sangrentos e recorrentes entre gangues de prisioneiros rivais, sob o domínio de perigosos cartéis mexicanos.

O chefe de Estado quer "enfraquecer e desmantelar os mais de 25 grupos criminosos que operam atualmente" no Equador, afirma Karen Sichel, assessora jurídica da presidência.

Outros temas

Entre as questões submetidas à votação, o presidente Lasso deseja reduzir o número de deputados, proposta rejeitada pela oposição.

O Executivo também quer reduzir os poderes do CPCCS, órgão criado no governo de Rafael Correa, responsável pela nomeação de várias autoridades, como o promotor público, o controlador do Estado e os membros da Comissão Nacional Eleitoral (CNE ).

Sobre o meio ambiente, o referendo propõe incluir regiões úmidas de selva e pântanos na lista de áreas protegidas. Também se propõe a pagar indenizações aos povos e comunidades indígenas que protegem a natureza.

Atravessado pela Cordilheira dos Andes, o Equador abriga uma vasta zona amazônica, ameaçada pela exploração de petróleo e mineração ilegal.

(Com informações da AFP)