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Resultados do Brasil em campeonatos mundias dão esperança de medalhas em Paris-2024

19/03/2023 09h57

Na semana que marcou os 500 dias para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, a RFI Brasil analisa como está a preparação dos atletas brasileiros para o evento. E os resultados obtidos em capeonatos mundiais são motivo de otimismo. A reportagem também esteve em Saint-Ouen, município localizado ao norte da capital francesa e que será "a casa do Brasil" durante a olimpíada.  

Maria Paula Carvalho, da RFI

Olhando para o ano de 2022, os atletas que representam o Comitê Olímpico do Brasil (COB) tiveram um desempenho vitorioso e repleto de conquistas importantes nas principais competições do calendário internacional. A conta inclui sete medalhas de ouro, seis de prata e dez de bronze. A modalidade em que os brasileiros mais subiram ao pódio foi o judô.

Um rendimento superior ao registrado nos Jogos Olímpicos do Japão-2020, quando o país obteve 21 medalhas no quadro geral. Ney Wilson, diretor de Esporte de Alto Rendimento do COB, avalia as chances do Brasil em conquistar medalhas em Paris.

"Estamos trabalhando bastante nesse sentido. O parâmetro para a gente entender se está melhorando e se a preparação está boa são as medalhas em provas olímpicas em campeonatos mundiais, em anos que não tenha Jogos Olímpicos", explica. "Então, no ano passado, a gente teve uma evolução. Alcançamos 23 medalhas em campeonatos mundiais em provas olímpicas. O que se fosse um quadro de medalhas de Jogos Olímpicos, nos colocaria uma posição à frente do que nós alcançamos em Tóquio. Então, mostra uma evolução que gera uma confiança no trabalho que estamos desenvolvendo", afirma.

Até o momento, o Brasil tem 19 atletas com vagas conquistadas para participarem dos Jogos de Paris-2024, mas na maioria das modalidades, as vagas ainda estão em disputa. Wilson revela que o objetivo do COB é alcançar uma delegação composta de 350 atletas classificados. 

Medalhalhista de bronze dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, em 2018, Sandy Macedo sonha estar em Paris competindo no taekowndo feminino. "Olimpíada tem muitas formas de se classificar, a mais tradicional é pelo ranking olímpico. Este ano tem muitas competições importantes, tem competição que dá vaga direta para a olimpíada, eu vou tentar participar delas e estamos trabalhando muito duro, mas eu estou bem esperançosa", ela afirma.

A atleta, de 21 anos, participou de um treino, na terça-feira (14), no ginásio das Docas, em Saint-Ouen, ao norte de Paris. "É emocionante poder estar na sede dos Jogos Olímpicos, acompanhar toda a estrutura que eles estão construindo, é legal porque você se motiva a trabalhar mais duro e, quem sabe, ano que vem estar aqui presente", acrescenta.

Parceria olímpica

O time juvenil de taekowdo do Brasil teve um encontro com alunos de uma escola local. As crianças puderam participar de uma atividade no tatame e aprender alguns golpes com os atletas brasileiros. Para o prefeito de Saint-Ouen sur Seine, cidade de quase 50 mil habitantes, o mais importante é destacar os valores olímpicos.

"Saint-Ouen será a cidade que receberá a delegação do Brasil e nós estamos orgulhosos. É um grande momento", diz Karim Bouamrane. O prefeito diz estar orgulhoso da parceira com o COB. "O Brasil é uma das maiores nações esportivas do mundo, uma das maiores nações culturais do mundo e, com a Amazônia, faz parte do pulmão da humanidade. Eles sempre foram precursores em nível cultural, esportivo e social, com muitos combates políticos convergentes entre Saint-Ouen e o Brasil. E, sobretudo, os valores que são portados pela delegação olímpica do Brasil, a generosidade, humildade, o calor humano, a benevolência, que queremos compartilhar com nossas crianças, é por isso que, para nós, é muito importante", conclui.

Situado no departamento de Seine-Saint-Denis, Saint-Ouen fica a 600 metros da futura vila olímpica. Desde agosto do ano passado, o Comitê Olímpico do Brasil vem testando as instalações. A seleção masculina de vôlei foi a primeira a treinar nessa base do Brasil, a pouco mais de 6 km da capital francesa.  

Além do Ginásio e do Parque das Docas, a delegação do Brasil também terá à sua disposição uma escola, uma sala de convenções e o Château de Saint-Ouen.

O presidente do COB, Paulo Wanderley, avalia que a maior parte do trabalho de preparação já foi feita. "Aqui estarão nossos atletas, estamos próximos a vila olímpica, o que é um facilitador, e os atletas receberão os principais serviços de atendimento médico, nutricionistas psicólogos e de fisioterapia dos profissionais da saúde e que cuidam deles no Brasil. Então eles terão serviços na vila olímpica, mas com mais facilidade e mais conforto aqui na nossa base", explica. 

Venda de ingressos

Na semana passada, também começou a segunda fase da venda de ingressos para os Jogos Paris-2024. Uma nova inscrição, com sorteio, está aberta até 20 de abril. "Todas as sessões estão abertas para venda, seja de competições esportivas, seja de cerimônias de abertura e encerramento", explica o presidente do Comitê Organizador Paris-2024, Tony Estanguet. "São 1,5 milhão ingressos à venda, podemos dizer apenas isso, mas é importante para Paris-2024 regular o número de bilhetes à venda, tendo em vista o sucesso da primeira fase de vendas. Há ingressos de € 24 em todas as disciplinas, é importante salientar. E também ingressos para as grandes finais", completa. 

O governo francês destaca os transportes, a segurança e o orçamento como os maiores desafios dos Jogos Olímpicos Paris-2024. O presidente Emmanuel Macron lançou um apelo à mobilização. "Eu lanço uma mobilização geral, os próximos 500 dias serão fundamentais. Teremos talvez crises, temos que nos preparar para o risco de ataques cibernéticos, devemos nos preparar para o pior para que tudo saia perfeito. Continuem firmes," ele pediu.  

Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, a cerimônia de abertura será realizada fora de um estádio. Paris quer oferecer ao mundo um espetáculo grandioso e inédito, com um desfile de barcos no Sena, na noite de 26 de julho de 2024.