Cunhada 'primeira-dama', sobrinho no PCC: quem é quem na família de Marcola

O filho e a esposa de Alejandro Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, foram presos quarta-feira (24) pela Polícia Federal. Marcolinha é integrante da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital) e irmão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe máximo da facção criminosa.

Enquanto os irmãos Camacho estão juntos na penitenciária federal de Brasília desde 2019, Leonardo Alexander Ribeiro Herbas Camacho e Francisca Alves da Silva, foram detidos em Santa Catarina e São Paulo, respectivamente. As prisões ocorreram no âmbito da operação Primma Migratio, coordenada pela PF, que revelou ao UOL informações sobre o sobrinho e a cunhada do líder da maior facção do Brasil.

Sobrinho 'novo líder' do PCC e cunhada na mira da PF

Leonardo Alexander Ribeiro Herbas Camacho, sobrinho de Marcola e filho de Marcolinha, morava em Itajaí (SC), onde foi detido na última quarta-feira (24).

Ele já foi apontado pela PF como um dos novos líderes do PCC, conforme apurou o colunista do UOL Josmar Jozino.

Segundo agentes federais, Leonardo gerenciava, do município catarinense, negócios ilícitos ligados ao jogo do bicho, tráfico de drogas e de armas no núcleo gerencial e logístico do PCC no Ceará.

Já Francisca Alves da Silva, mulher de Marcolinha, cunhada de Marcola e madrasta de Leonardo, foi presa em um condomínio de luxo no Arujá, na região metropolitana de São Paulo, e chorou no momento da prisão.

Conhecida como Preta, ela morou por um tempo na Argentina e, por isso, a PF havia pedido a inclusão de seu nome na Difusão Vermelha da Interpol (Polícia Internacional).

Em 2020, uma reportagem da Folha de S. Paulo revelou que ela já estava na mira da PF durante uma série de operações para "sufocar financeiramente" o PCC.

'Primeiras-damas' da facção

Preta e a esposa de Marcola, Cynthia Giglioti Herbas Camacho, conhecidas como "primeiras-damas" da cúpula do PCC, têm patrimônio milionário, como imóveis e carros de luxo, mas não teriam como justificar os bens, segundo policiais ouvidos pela Folha na época das ações federais.

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Marcola e a mulher, Cynthia Giglioli Herbas Camacho
Marcola e a mulher, Cynthia Giglioli Herbas Camacho Imagem: Reprodução/TV Record

Em um diagrama da PF divulgado pelo jornal, são citados dois imóveis atribuídos a elas: uma casa em condomínio fechado na Granja Viana, em Carapicuíba (SP), e um apartamento no bairro Anália Franco, na zona leste da capital.

Marcolinha, 'principal conselheiro' de Marcola

Marcolinha foi condenado a 104 anos, oito meses e 23 dias de prisão por crimes como associação para o tráfico de drogas, tráfico de drogas, roubo qualificado e formação de quadrilha.

Preso em Fortaleza em 2016, o irmão de Marcola estava ganhando espaço dentro do PCC, segundo apuração do UOL. Sua presença no Nordeste seria para analisar a região como potencial território de exportação de drogas, sobretudo cocaína, para países dos continentes europeu e africano.

Mesmo detido, Marcolinha não deixou de "exercer sua influência e posição de comando no seio da facção", conforme o Ministério Público, em 2019.

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Irmão estavam separados, mas foram unidos novamente. Marcola e Marcolinha foram sido transferidos de São Paulo para os presídios federais de Porto Velho e Brasília, respectivamente, em fevereiro de 2019. Mas, no mês seguinte, o chefe máximo da facção foi enviado para a mesma prisão em que estava o irmão mais novo. Hoje, os dois seguem na penitenciária federal de Brasília.

Um ofício expedido pelo então secretário da Administração Penitenciária paulista, o coronel Nivaldo Restivo, ao qual o UOL teve acesso na época da transferência, divulgou que Marcolinha "registra envolvimento com a facção criminosa, é irmão do Marcola e seu principal conselheiro", além de ser "extremamente forte no tráfico de drogas e sócio de seu irmão nessa atividade".

Na mesma ocasião, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a transferência de Marcola para Brasília fazia "parte dos protocolos de segurança pública relativos à alternância de abrigo dos detentos de alta periculosidade ou integrantes de organizações criminosas, entre as unidades prisionais federais".

Filhos de pai boliviano e mãe brasileira, os irmãos foram criados por uma tia desde 1980. Eles fugiram, moraram na rua e passaram a praticar crimes.

A operação

As prisões do sobrinho e da cunhada de Marcola nesta semana foram deflagradas pela Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) no Ceará, em ação conjunta com equipes de São Paulo e de Santa Catarina, para desmantelar o núcleo gerencial e logístico do PCC no estado cearense.

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Também foram presos Geomar Pereira de Almeida — apontado pela Polícia Federal como bicheiro —, a mulher dele e Menesclau de Araújo Souza Júnior, o Coxinha, acusado de gerenciar no Ceará os negócios dos irmãos Camacho.

As investigações que culminaram nas prisões de Preta e Leonardo duraram dois anos e apontaram que o PCC migrou parte da estrutura gerencial de São Paulo para implantar no Ceará atividades clandestinas, como o tráfico de drogas e armas, a exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro das atividades ilegais em loteria esportiva administrada pela organização criminosa.

Com os suspeitos presos foram apreendidos veículos de luxo, joias, relógios, R$ 100 mil em dinheiro, documentos e telefones celulares.

A PF informou ainda que foram identificadas movimentações financeiras suspeitas superiores a R$ 300 milhões nas contas dos investigados. A quantia seria empregada na corrupção de servidores públicos e, durante a operação conjunta, foi decretada também a prisão de dois policiais militares suspeitos de pertencerem ao núcleo logístico da organização.

O UOL não conseguiu contato com os advogados dos presos na operação da PF, mas o texto será atualizado caso haja um posicionamento dos defensores dos suspeitos.

*Com reportagens publicadas em 24/04 e 22/03/2019.

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