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França proíbe que alunos usem túnica muçulmana nas escolas

Uma mulher muçulmana caminha em 19 de junho de 2016 em Mantes-la-Jolie Imagem: ELIOT BLONDET/AFP

28/08/2023 07h33Atualizada em 28/08/2023 08h12

A discussão em torno da proibição da túnica muçulmana abaya nos estabecimentos de ensino, anunciada pelo novo ministro francês da Educação, Gabriel Attal, ganhou destaque nos jornais franceses desta segunda-feira (28). A decisão foi tomada após a constatação do aumento do número de alunos que usavam a vestimenta, principalmente no ensino fundamental e médio.

"Decidi que o uso da abaya será proibido na escola", respondeu categórico o ministro em uma entrevista ao canal TF1, na noite de domingo (27). "Quando entramos em uma sala de aula, não devemos ser capazes de identificar a religião dos alunos olhando para ele", explicou.

A lei que proíbe o uso de símbolos religiosos nos estabelecimentos de ensino franceses, adotada em março de 2004, garante a aplicação do princípio da laicidade no país.

De acordo com o jornal Le Figaro, a declaração de Attal atende às expectativas de diretores, professores e outros profissionais, que aguardavam um posicionamento do governo francês sobre a questão. Até agora, cabia a eles a decisão de aceitar ou recusar o uso da vestimenta nos colégios.

Com a medida, Gabriel Attal, nomeado para a pasta da Educação em julho desde ano, mostra, a poucos dias da volta às aulas na França, que o Estado laico é um valor da República Francesa, e representa "uma liberdade", segundo o site do jornal Libération.

Na última quinta-feira (24), ele já havia declarado que "onde a República é colocada à prova, nós devemos nos unir".

Regra "necessária e justa"

O Le Monde enfatiza a regra "necessária e justa", na opinião de Attal, estaria alinhada com outras medidas adotadas recentemente na França, com o propósito de afirmar o princípio da laicidade. O ministro da Educação anterior, Pap Ndiaye, havia deixado a decisão a critério de cada estabelecimento de ensino.

A dúvida, questiona o jornal francês, é se a túnica típica, usada em países do norte da África e árabes por homens e mulheres, representa uma referência religiosa, contrária à lei do país.

O Conselho Francês de Culto Muçulmano (CFCM) declarou em junho que a abaya é uma vestimenta cultural, mas o debate continua, lembra o Le Parisien.

O sociólogo Jean Baubérot, entrevistado pelo diário da capital, acredita que a decisão do governo é "uma concepção punitiva da laicidade", que vai acabar sendo desconsiderada, mal compreendida e irá se somar a uma série de proibições. "Focar na roupa vai além da lei sobre a laicidade que proíbe o porte de símbolos religiosos", adverte o especialista.

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