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Pai palestino anota telefone no corpo dos filhos para serem identificados se morrerem em bombardeios

Homem leva criança nos braços após bombardeios na Faixa de Gaza Imagem: 15.out.2023-Said Khatib/AFP

30/10/2023 16h45

Com os ataques aéreos israelenses e os combates terrestres com o Hamas, a Faixa de Gaza é um campo de batalha. A população está abandonada, esmagada por bombas, e o número de vítimas aumenta a cada dia.

Sami Boukhelifa, correspondente da RFI em Jerusalém

"Os bombardeios são terríveis. Fazem um barulho assustador. É assustador. Resolvi parar de comer. Eu não como mais. Para que? Todo mundo espera sua vez de morrer. Talvez seja amanhã ou depois de amanhã. Isso vai acontecer de todas maneiras", diz à RFI Rami, um jovem pai de família palestino que vive na Faixa de Gaza.

Além do pequeno Dhahab, de um ano e meio, Rami é pai de Adam, de dez anos, e de Line, de seis. Na semana passada, quando foi entrevistado pela primeira vez, ele afirmou que estava lutando pela sobrevivência de seu povo. Mas dessa segunda vez, ele mostra que seu estado de ânimo mudou. "Quem quer viver no inferno? ", questiona.

"Você acha que Gaza é a maior prisão ao ar livre do mundo? Não, é a menor cela de prisão do mundo. É o local mais densamente povoado. E o nosso território está agora reduzido, porque o exército israelense ocupa o norte de Gaza", relata. "É a mesma população, mas com metade do espaço. Precisaríamos de um milagre para superar tudo isso", diz Rami.

Número de telefone no corpo dos filhos

Como muitos moradores de Faixa de Gaza, Rami escreveu o seu número de telefone nos corpos dos filhos. "Isso é para que possam ser identificados em caso de ataque israelense", explica o pai.

Essa prática é comum entre os pais palestinos, desde o início do conflito e com o aumento vertiginoso de crianças mortas em Gaza nos bombardeios israelenses. Das quase 8 mil vítimas, mais de 3 mil são menores de idade, de acordo com a Unicef.

Na Faixa de Gaza, as casas e as infraestruturas essenciais estão em ruínas. Mais de 1,4 milhões de pessoas foram deslocadas internamente. A maioria está alojada em 150 abrigos de emergência designados pela Agência da ONU de assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). A única central eléctrica da região esgotou as suas últimas reservas energéticas no dia 11 de outubro. Agora a água, a eletricidade e o tratamento de esgoto estão cortados, o que aumenta o risco para a saúde das crianças.

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