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Hamas diz que mais de 200 pessoas morreram em ataques noturnos de Israel

Bairro Rimal, em Gaza, destruído após ataques aéreos de Israel em 10 de outubro Imagem: Mohammed Abed/AFP

Vinícius Assis;

Especial para a RFI no Egito

06/11/2023 07h08Atualizada em 06/11/2023 15h26

O Ministério da Saúde do Hamas em Gaza anunciou nesta segunda-feira (6) que pelo menos 200 pessoas foram mortas em intensos bombardeios israelenses realizados durante a noite na Faixa de Gaza. "Mais de 200 mártires nos massacres da noite", informou o Ministério em uma mensagem aos meios de comunicação, especificando que este número cobria apenas a Cidade de Gaza e a parte norte da Faixa de Gaza.

O Ministério da Saúde do Hamas em Gaza anunciou nesta segunda-feira (6) que pelo menos 200 pessoas foram mortas em intensos bombardeios israelenses realizados durante a noite na Faixa de Gaza.

"Mais de 200 mártires nos massacres da noite", informou o ministério em uma mensagem aos meios de comunicação, especificando que este número cobria apenas a Cidade de Gaza e a parte norte da Faixa de Gaza.

No domingo (5), bombardeios israelenses atingiram uma casa perto de uma escola no campo de refugiados de Bureij, no centro da Faixa de Gaza. De acordo com a imprensa egípcia, pelo menos 13 pessoas morreram. As vítimas foram levadas ao Hospital Al-Aqsa. Ao todo, estima-se que cerca de 46 mil deslocados estejam abrigados neste campo de refugiados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) na Palestina já havia revelado, no sábado (4), um balanço de 102 unidades de Saúde atacadas na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro. Nessas ações, 504 pessoas morreram e 459 ficaram feridas, além de 31 ambulâncias que foram danificadas.

Hezbollah

Quando a guerra está prestes a completar um mês, aumenta a preocupação de países árabes de que o conflito entre Israel e o Hamas se espalhe pela região. No fim de semana, ministros das Relações Exteriores do Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Qatar e o secretário do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina se reuniram em Amã para discutir o conflito e pressionar o secretário de Estado americano, Antony Blinken, que também estava na capital jordaniana.

O governo de Joe Biden é um dos principais aliados de Israel. Depois da reunião, o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Shoukry, enfatizou a necessidade de um cessar-fogo incondicional imediato e da entrada contínua de ajuda humanitária. "As ações israelenses em Gaza não podem ser justificadas de forma alguma como autodefesa", reforçou Shoukry em uma coletiva com Blinken e o chanceler e vice-primeiro-ministro da Jordânia, Ayman Safadi.

A notícia de que o grupo libanês Hezbollah atacou um veículo militar israelense do outro lado da fronteira com mísseis guiados, no domingo, deixando mortos e feridos, teria agravado essa preocupação no mundo árabe. O exército israelense confirmou que um míssil antitanque foi lançado do Líbano em direção a Yiftah, no norte de Israel, mas não revelou se houve vítimas.

O Hezbollah anunciou diversos outros lançamentos de mísseis no domingo e informou ter destruído equipamentos israelenses ao longo da fronteira. Os militares israelenses afirmaram que o sistema de defesa Iron Dome, de Israel, interceptou um drone voando em direção a Israel vindo do Líbano.

Brasileiros

A escalada de tensão na região só aumenta a apreensão de milhares de estrangeiros que aguardam para deixar Gaza, inclusive 34 brasileiros que tentam sair pela fronteira com o Egito. Pouco depois da divulgação da quarta lista de pessoas autorizadas a deixarem o território palestino, a passagem de Rafah, única saída possível atualmente, foi novamente fechada devido a um ataque israelense, na sexta-feira (3), a um comboio de ambulâncias perto do maior hospital da região.

O exército israelense confirmou ter sido responsável por este ataque, alegando que ao menos um integrante do Hamas estaria dentro de uma das ambulâncias tentando chegar ao Egito. Mas equipes de saúde no local garantem que apenas civis feridos eram transportados.

As decisões sobre as nacionalidades dos cidadãos autorizados a deixarem a Faixa de Gaza vinham sendo discutidas pelos governos palestino, israelense e egípcio. Mas, de acordo com fontes do meio diplomático no Cairo, a decisão final cabe mesmo a Israel. Muitas autoridades destacaram a falta de critérios claros para esta seleção. Coincidência ou não, quase todos os estrangeiros que conseguiram entrar para as listas dos autorizados a saírem são de países aliados de Israel e que não reconhecem o Estado da Palestina.

O Itamaraty segue não medindo esforços para apoiar os brasileiros em meio ao conflito e tentar, o mais rápido possível, retirá-los de Gaza, mas a operação não depende apenas do governo brasileiro. Para muitos, Israel vem tentando punir o Brasil pelo posicionamento do país na presidência do Conselho de Segurança da ONU no mês de outubro, elogiada por diplomatas estrangeiros que conversaram informalmente com a reportagem da RFI sobre o assunto. São diplomatas que estão no Cairo e em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde fica a sede da União Africana.

Sem acesso à fronteira

O Brasil chegou a pedir ajuda aos Estados Unidos para retirar os brasileiros da Faixa de Gaza. O assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, telefonou para o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, enquanto a embaixada de Israel em Brasília responsabiliza o Hamas pela demora para acrescentar nomes de brasileiros à lista de autorizados a sair do enclave, mas não explicou o motivo desta não inclusão.

Uma equipe de funcionários da Embaixada do Brasil no Cairo já foi pré-autorizada pelo governo egípcio a se deslocar até a fronteira do país com Gaza para receber os brasileiros quando estes conseguirem atravessar a passagem de Rafah. Por enquanto, o deslocamento para a fronteira, principalmente de estrangeiros, não está autorizado.

Apenas na estrada entre o canal de Suez e Rafah há cerca de 15 postos de controle militares, onde veículos são parados para checagem de documentos e questionamentos sobre o motivo da viagem. O próprio embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco, tentou, por duas vezes, chegar até a fronteira, mas sem sucesso.

Ainda que recebam autorização, os 34 brasileiros que aguardam para deixar Gaza podem não conseguir cruzar a fronteira necessariamente no mesmo dia. Um ônibus já foi providenciado pela embaixada para buscar os brasileiros na fronteira, do lado egípcio, e um avião da Força Aérea Brasileira está no Cairo esperando para levá-los para o Brasil. Além da tripulação, uma equipe de profissionais de saúde também aguarda para o embarque no Egito e para acompanhar os brasileiros durante todo o voo de repatriamento.

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