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Netanyahu diz que 'não haverá cessar-fogo em Gaza sem retorno dos reféns'

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou neste domingo (5) que não haverá cessar-fogo em Gaza antes da libertação dos mais de 240 reféns detidos pelo Hamas desde o ataque do dia 7 de outubro.

"Não haverá cessar-fogo sem o retorno dos reféns", disse Netanyahu na base aérea militar de Ramon, no sul de Israel, reafirmando a posição de seu governo. "Aos nossos amigos e inimigos: vamos continuar até derrotá-los. Não há alternativa", acrescentou.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu neste sábado (4) em Amã com os chanceleres do Catar, Arábia Saudita, Egito e Jordânia, que o instaram a convencer Israel a aceitar uma trégua

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, que lidera os esforços de mediação com o Hamas para a libertação de reféns israelenses, disse que há necessidade de um cessar-fogo para negociar a questão.

Blinken defende pausas humanitárias

Embora tenha dito que um cessar-fogo beneficiará o Hamas, o secretário de Estado americano está tentando convencer Israel a aceitar "pausas humanitárias" em pontos específicos da Faixa de Gaza, para levar ajuda à população. O enclave está sitiado pelo exército israelense desde o início da guerra, em 7 de outubro.

Após o encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, neste domingo, que pediu apoio para que seja colocado um fim ao "genocídio" em Gaza, Blinken esteve em Chipre, onde se reuniu com o presidente Nikos Christodoulides. Ele discutiu a possibilidade de criação de "um corredor marítimo" para prestar assistência humanitária a Gaza.

Em visita surpresa a Bagdá, Blinken também considerou "inaceitáveis" os ataques contra as tropas americanas no Iraque ou na Síria desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.

O secretário de Estado americano é esperado ainda neste domingo em Ancara, na Turquia, onde terá um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros Hakan Fidan, na segunda-feira (6), para discutir o conflito em Gaza.

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Em Doha, a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, também pediu uma "trégua humanitária imediata e duradoura, que poderia levar a um cessar-fogo" e pediu a Israel que "proteja a vida dos civis". Mas, apesar dos pedidos da comunidade internacional, as negociações se anunciam complexas.

Combates se intensificaram no domingo

No domingo, os combates continuaram entre soldados israelenses e o Hamas na Faixa de Gaza, onde Israel diz ter atingido 2.500 alvos desde o início das operações terrestres. O Hamas também afirmou que Israel intensificou os bombardeios em torno dos hospitais.

Imagens divulgadas pelos militares israelenses mostraram soldados, acompanhados de tanques e escavadeiras, patrulhando os escombros ao longo da costa mediterrânea da Faixa de Gaza.

Israel intensificou suas operações depois de cercar a cidade de Gaza, no norte do país, na quinta-feira (2), para destruir o "centro" do Hamas, que é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel.

Ataque noturno matou 45 pessoas

Durante a noite de sábado, um atentado matou 45 pessoas, segundo o Hamas, a maioria mulheres e crianças, no campo de refugiados de Maghazi.

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No sábado, outro atentado matou 15 pessoas, segundo o Hamas, em uma escola da ONU onde deslocados estavam abrigados no campo de refugiados de Jabaliya, que foi atingido várias vezes nos últimos dias.

Pelo menos 29 soldados israelenses foram mortos desde o início da operação terrestre, segundo o Exército, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, relatou "combates difíceis", prometendo "encontrar" e "eliminar" Yahya Sinwar, líder do Hamas na Faixa de Gaza.

1,5 milhão de deslocados

Em quatro semanas, os bombardeios israelenses destruíram Gaza e provocaram o deslocamento de cerca de 1,5 milhão de pessoas, segundo a ONU.

Israel cercou o enclave palestino cortando o fornecimento de água, eletricidade e alimentos. A Faixa de Gaza já estava sob bloqueio terrestre, aéreo e marítimo israelense desde 2007.

Entre 350 e 400 mil pessoas ainda estão no norte e centenas de milhares estão concentradas no sul, perto da fronteira com o Egito.

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A fronteira está parcialmente aberta desde 21 de outubro para permitir a passagem de comboios humanitários. Um total de 450 caminhões cruzaram a fronteira até este sábado, de acordo com a ONU, que pede mais ajuda.

Várias centenas de palestinos feridos, estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade também puderam deixar Gaza em direção ao Egito.

Linhas telefônicas cortadas

Linhas telefônicas e de internet na Faixa de Gaza foram cortadas por Israel na noite de domingo pela terceira vez desde o início da guerra, em 7 de outubro, informou a operadora palestina Paltel.

"Lamentamos anunciar o desligamento total dos serviços de comunicações e internet em Gaza depois que o lado israelense desconectou os servidores", disse Paltel em um comunicado.

Travessia para o Egito está parada há dois dias

Pelo segundo dia consecutivo, nenhuma vítima palestina ou estrangeiro de dupla nacionalidade foram retirados da Faixa de Gaza para o Egito através da passagem de Rafah, segundo autoridades egípcias e palestinas. Um funcionário confirmou que nenhuma travessia ocorreu no domingo, assim como no dia anterior.

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No domingo, Washington anunciou que mais de 300 americanos ou residentes nos EUA e seus familiares foram retirados desde as primeiras travessias em Rafah, na quarta-feira. O Egito diz que está ajudando retirar "cerca de 7.000" estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade da Faixa de Gaza.

Quase 10 mil palestinos mortos

O ataque de 7 de outubro do Hamas em Israel matou pelo menos 1.400 pessoas, a maioria civis. Quase 10.000 palestinos foram mortos e mais de 20.000 ficaram feridos na resposta do exército israelense a Gaza, de acordo com o governo do grupo Hamas, mas esses dados não podem ser confirmados.

Com informações da AFP

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