Rússia bombardeia prédios residenciais em Kiev; Ucrânia diz ter interceptado 31 mísseis
A Rússia realizou nesta quinta-feira (21) um novo bombardeio em Kiev deixando ao menos 13 feridos e atingindo prédios residenciais, locais industriais e uma creche. A defesa aérea ucraniana afirma ter interceptado 31 mísseis. Segundo o prefeito de Kiev, Vitali Klitchko, serviços de emergência ainda atuam em várias áreas da capital apagando incêndios. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu aos ataques, fazendo um apelo por "vontade política" para ajudar a Ucrânia aos ocidentais.
Esse é o primeiro grande ataque russo em cerca de um mês e meio, e desde que a Ucrânia reforçou sua ofensiva contra regiões da fronteira nas últimas semanas. Várias autoridades russas, entre elas o próprio presidente russo, Vladimir Putin, haviam prometido vingança.
Relacionadas
"Todos os mísseis foram abatidos na região de Kiev", disse a força aérea ucraniana, acrescentando que os projéteis incluíam dois mísseis balísticos Iskander e Kinjal e 29 mísseis de cruzeiro disparados por bombardeiros estratégicos. De acordo com a presidência ucraniana, 13 civis ficaram feridos em várias partes da cidade. Os destroços dos mísseis caem, causando danos e vítimas a cada bombardeio.
"Todos os dias e todas as noites, há esse terror. A unidade do mundo pode acabar com isso se nos ajudar com sistemas de defesa aérea. Precisamos dessa defesa agora aqui na Ucrânia", reagiu o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no serviço de mensagens Telegram.
As autoridades municipais e regionais de Kiev disseram que pelo menos 13 pessoas ficaram feridas em vários distritos da capital e outras quatro em seus arredores. Uma menina de 11 anos estava entre as quatro vítimas hospitalizadas. A Rússia nega ter atacado civis como parte de sua invasão da Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022.
De acordo com o Exército ucraniano, a Rússia disparou mais de 8.000 mísseis contra a Ucrânia em dois anos de guerra, e as sirenes de ataque aéreo soaram mais de 1.020 vezes em Kiev. A capital ucraniana foi colocada em alerta máximo por quase três horas na manhã desta quinta-feira, após 44 dias de calma.
"Vingança"
Esse primeiro grande ataque a Kiev e sua região desde 7 de fevereiro ocorre em um momento em que a Ucrânia intensificou sua ofensiva à região de Belgorod, na fronteira com a Rússia, em particular, em resposta à invasão russa, enviando um sinal ao Kremlin de que seu território não está imune à guerra.
Ainda nesta quinta-feira, a Rússia reivindicou a responsabilidade pela captura do vilarejo de Tonenké, a oeste da cidade de Avdiïvka, capturada em fevereiro, continuando seu lento avanço contra um Exército ucraniano, que sofre com falta de homens e munição. "Na área de Avdiivka, a aldeia de Tonenké (...) foi libertada graças às ações coordenadas das unidades do grupo de tropas central", disse o Ministério da Defesa russo em seu relatório diário.
Novos ataques aéreos
Pela manhã, o governador da região russa de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, disse que novos ataques aéreos haviam ocorrido, ferindo cinco pessoas. O Ministério da Defesa russo havia declarado anteriormente que havia abatido 10 foguetes ucranianos RM-70 Vampir.
A Rússia tomou a iniciativa na linha de frente contra um Exército ucraniano exausto por uma contraofensiva fracassada em agosto de 2023, enfrentando uma escassez de munição devido à lenta ajuda ocidental.
Até o momento, os avanços russos têm sido lentos e difíceis, e o Kremlin agora enfrenta um aumento nos ataques em seu território, apesar de ter apresentado o conflito como uma realidade que não afeta a "segurança da população".
Embora a capital ucraniana Kiev tenha sido poupada nas últimas semanas pela Rússia, outras cidades, como Odessa (grande cidade portuária ao sul) e Kharkiv (nordeste), pagaram um preço alto.
(Com AFP)