Maierovitch: Moraes não pode atuar no processo judicial contra Bolsonaro
Do UOL, em São Paulo
21/11/2024 17h25
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), precisa separar o joio do trigo e não se envolver no processo jurídico que vai envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou o colunista Wálter Maierovitch no UOL News - 2ª Edição, do Canal UOL, nesta quinta (21).
O Supremo ter que ter o discernimento. O que precisa é uma seriedade. O Alexandre de Moraes não pode atuar no processo judicial. Existe uma inibição com relação ao Alexandre, que até seria objeto de fuzilamento de traidores da pátria. Mas temos que separar tudo isso. Estamos a caminho de um processo, que é coisa séria. Assistimos já ontem, o Gilmar já contestou Flávio Bolsonaro, que falou bobagem de que não era crime. Gilmar já julgou, já teve início de execução. Percebe esse tipo de coisa que não pode ocorrer?
Num processo, o que precisa mais para mostrar que o Alexandre de Moraes, que qualquer outro como nós, teria a necessária imparcialidade? A resposta é não. O Moraes está envolvido em tudo isso como vítima desses trogloditas, ele tem que se afastar. Ou senão deixará a porta aberta para esses discursos [de bolsonaristas]. Ele é vítima. Não pode julgar. Isso é uma porta aberta para o Brasil e fora do Brasil.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
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Na sequência, o colunista Tales Faria levantou um contraponto. "Eu entendo a preocupação do professor Walter [Maierovitch] de que haja imparcialidade na decisão da Justiça, mas hoje mesmo o [ministro] Gilmar [Mendes] deu uma declaração hoje dizendo, olha, 'não dá para tirar o Alexandre de Moraes do caso, especialmente no Supremo sendo um tribunal tão pequeno com 11 pessoas, porque vão ameaçar cada um dos juízes que eles acharem que são oposição e aí conseguirem a maioria'."
E aí, realmente, fica difícil você dizer. 'Ah, não dá para os juízes julgarem porque eles estão sendo atacados'. Mas foram atacados violentamente. E aí, o que a gente faz? Tira os juízes da discussão? A justiça está toda diante das ameaças. A Justiça foi atacada. E aí, realmente, fica difícil você dizer: 'ah, não dá para os juízes julgarem já porque eles estão sendo atacados'. Mas foram atacados violentamente. E aí, o que a gente faz? Tira os juízes da discussão? Tales Faria, colunista do UOL
Além de Bolsonaro, a Polícia Federal indiciou ainda o general Braga Netto (PL) e mais 35 pessoas sob suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, segundo apuração da reportagem do UOL.
"Bolsonaro virou doença contagiosa"
Ainda durante o UOL News, Faria afirmou ainda que Bolsonaro virou uma "doença contagiosa" e todos que tiveram qualquer contato com ele vivem com medo após o indiciamento da Polícia Federal.
O Bolsonaro virou portador de uma perigosa doença contagiosa. Ele é carimbado agora como golpista, os militares em torno dele, todo mundo em torno dele, praticamente todos os militares que trabalharam no Palácio do Planalto, estão aí nessa lista de indiciados.[...]
Quem conhece o Valdemar [da Costa Neto] sabe que a essa altura do campeonato ele está preocupadíssimo. Se tem uma coisa que o Valdemar tem dito às pessoas é que ele não quer voltar para prisão de jeito nenhum. Então, é uma situação que para essa gente em torno do Bolsonaro é assustadora.
Tales Faria, colunista do UOL
Relatório contém 884 páginas
No relatório da investigação de 884 páginas, enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a PF apontou quais crimes os investigados teriam praticado a partir do conjunto de elementos reunidos ao longo da investigação.
As investigações apontaram que os indiciados se estruturaram por divisão de tarefas. Isso teria permitido a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos", segundo a PF.
Entre os grupos está o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral e outro responsável por "incitar militares a aderirem golpe de Estado". Há também o núcleo jurídico, o operacional de apoio às ações golpistas, núcleo de inteligência paralela e núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.
Veja a lista dos indiciados
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Alexandre Castilho Bitencourt da silva
- Alexandre Rodrigues Ramagem
- Almir Garnier Santos
- Amauri feres Saad
- Anderson Gustavo Torres
- Anderson Lima De Moura
- Angelo Martins Denicoli
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira
- Bernardo Romao Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Carlos Giovani Delevati Pasini
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira
- Fabrício Moreira De Bastos
- Filipe Garcia Martins
- Fernando Cerimedo
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques De Almeida
- Hélio Ferreira Lima
- Jair Messias Bolsonaro
- José Eduardo De Oliveira E Silva
- Laercio Vergilio
- Marcelo Bormevet
- Marcelo Costa Câmara
- Mario Fernandes
- Mauro Cesar Barbosa Cid
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho
- Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira
- Rafael Martins De Oliveira
- Ronald Ferreira De Araujo Junior
- Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros
- Tércio Arnaud Tomaz
- Valdemar Costa Neto
- Walter Souza Braga Netto
- Wladimir Matos Soares
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