Novo primeiro-ministro de Portugal apresenta governo em um contexto de incertezas

O novo primeiro-ministro de Portugal, o líder moderado de direita Luis Montenegro, revelou a composição de seu governo na quinta-feira (28). Trata-se de uma equipe com experiência política, mas que não terá vida fácil por não ter uma maioria estável no Parlamento. 

Convidado na semana passada para formar um governo após sua vitória apertada nas eleições parlamentares de 10 de março, Montenegro, um advogado de 51 anos, entregou a lista dos 17 membros de seu executivo ao chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e depois deixou o palácio presidencial sem fazer qualquer declaração à mídia. 

Anunciada em comunicado de imprensa do presidente de Portugal, a lista tem a  políticos experientes em posições-chave nos Ministérios das Finanças, Economia e Relações Exteriores. 

O deputado do Parlamento Europeu Paulo Rangel será o novo chefe da diplomacia portuguesa, com o estatuto de ministro de Estado, tal como Joaquim Miranda Sarmento, antigo presidente do grupo parlamentar do partido de Montenegro, a quem foi atribuída a pasta das Finanças. Pedro Reis, que dirigia a agência para a promoção das exportações e de investimentos estrangeiros, foi nomeado para o Ministério da Economia. 

Após oito anos de governo socialista, a nova equipe do governo, que inclui sete mulheres, tomará posse na próxima terça-feira (02/4) e apresentará seu programa na semana seguinte. 

Montenegro, que descartou categoricamente qualquer acordo com a extrema direita, terá que montar um governo com base em um equilíbrio muito frágil após sua vitória eleitoral apertada. 

Risco de instabilidade 

A Aliança Democrática (AD), coligação política de centro-direita, que venceu as eleições parlamentares com 28,8% dos votos, tem 80 deputados de um total de 230, em comparação com 28% dos votos e 78 assentos para o Partido Socialista, enquanto o partido de extrema direita Chega aumentou drasticamente sua posição como terceira força política do país, passando de 12 para 50 deputados. 

Essa fragmentação política pode ser uma fonte de instabilidade, conforme ilustrado na terça-feira (26) pela eleição de Luis Montenegro. 

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Assim que foi empossado, o Parlamento ficou em um impasse, com os políticos divergindo na escolha do presidente, antes de chegar a um acordo na quarta-feira (27) para uma presidência compartilhada entre os dois principais partidos. 

José Pedro Aguiar-Branco, um deputado do PSD, conduzirá os trabalhos do Parlamento até setembro de 2026, após o que a presidência voltará para os socialistas.

Na frente econômica e financeira, no entanto, o novo governo se beneficiará de um clima econômico mais positivo, conforme evidenciado por uma taxa de desemprego historicamente baixa, crescimento acima da média da zona do euro e um superavit orçamentário de 1,2% do PIB no ano passado.

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Essa é apenas a segunda vez, desde a Revolução dos Cravos de 1974, cujo cinquentenário Portugal celebrará em um mês, que o Estado português registra um superavit anual.

O primeiro-ministro que está deixando o cargo, o socialista Antonio Costa, que se reuniu com seu sucessor na quarta-feira para preparar a transmissão de cargo, disse que estava deixando o cargo com "um sentimento de realização", apesar de uma série de questões nas quais gostaria de ter feito "mais progressos", como a saúde.

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(Com informações da AFP)

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