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Prédio com migrantes é desocupado perto de Paris e ONGs culpam Olimpíadas

Polícia retira migrantes da maior ocupação da França a poucos dias dos Jogos Olímpicos Imagem: EMMANUEL DUNAND/AFP

17/04/2024 07h39Atualizada em 17/04/2024 08h18

A ocupação de um prédio desativado que abrigava até 450 migrantes, a maioria em situação regular de acordo com associações - estava sendo desmantelada na manhã desta quarta-feira (17) nos arredores ao sul de Paris, a 100 dias dos Jogos Olímpicos, relataram jornalistas da AFP.

A ocupação de um prédio desativado que abrigava até 450 migrantes, a maioria em situação regular de acordo com associações, estava sendo desmantelada na manhã desta quarta-feira (17) nos arredores ao sul de Paris, a 100 dias dos Jogos Olímpicos, relataram jornalistas da AFP.

A operação, esperada há vários dias, estava ocorrendo de forma tranquila. Parte dos sem-teto que haviam encontrado refúgio nessa empresa abandonada em Vitry-sur-Seine (Val-de-Marne) já haviam deixado o local nos dias anteriores.

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Aproximadamente 250 agentes foram mobilizados para a operação, de acordo com a prefeitura de Val-de-Marne. Abrigos estão sendo providenciados para as pessoas desalojadas, na Île-de-France (região parisiense) e em outras regiões, como em Bordeaux.

Com malas na mão, que continham tudo o que guardaram na vida, e com o rosto preocupado, os cerca de 300 ocupantes restantes - homens, mulheres, crianças - deixaram o local pouco depois das 8h.

Alguns estavam morando no local há vários meses, por não conseguirem encontrar moradia no setor privado, ou aguardando uma moradia social.

Segundo a associação United Migrants, que presta regularmente ajuda aos moradores do local, 80% deles estão em situação regular na França.

Há vários meses, o coletivo "Reverso da Medalha", que reúne associações que ajudam pessoas em situação precária que vivem nas ruas, alerta sobre o destino dos sem-teto cujos acampamentos improvisados estão sendo desmantelados a um ritmo mais acelerado à medida que os Jogos Olímpicos se aproximam (26 de julho - 11 de agosto), segundo o coletivo.

Foi nesse acampamento que Mohammed Sayed, eritreu, morava há três anos. Ele tem status de refugiado, trabalha na manutenção elétrica na empresa Eiffage em tempo integral, mas não consegue encontrar moradia. "Não é que estou feliz de estar aqui, mas para onde eu vou?", questiona o homem de quarenta anos à AFP, com sua grande mala com rodinhas ao lado.

Vários acampamentos desmantelados

Segundo Paul Alauzy, que trabalha para a ONG Médicos do Mundo, o desmantelamento está relacionado aos Jogos Olímpicos. "Há um ano estamos testemunhando desmantelamentos e as áreas onde estavam os acampamentos continuam vazias", disse ele à AFP.

A cem dias dos Jogos Olímpicos, "tchadianos, sudaneses, eritreus, marfinenses e guineenses que têm documentos estão sendo expulsos; são pessoas que trabalham em tempo integral, mas a quem não queremos alugar apartamentos. A única solução é o acampamento", pois essas pessoas trabalham na região parisiense, acrescentou Alauzy.

Antigamente sede de uma empresa de ônibus, o prédio em Vitry-sur-Seine foi gradualmente ocupado por pessoas desalojadas de outros acampamentos na região parisiense. Elas explicaram à AFP, no final de março, que não encontravam moradia no setor privado ou estavam na lista de espera há vários anos para obter moradia social.

Atrás dos vidros espelhados do prédio insalubre de vários andares, os ocupantes haviam instalado camas e colchões no chão e até embaixo das escadas e corredores por falta de espaço. Ao longo das paredes deterioradas pendem fios elétricos, enquanto chuveiros rudimentares funcionam com água fria.

Há um ano, as autoridades esvaziaram a antiga sede desativada da Unibéton em L'Ile-Saint-Denis (Seine-Saint-Denis), perto da futura vila dos atletas dos Jogos Olímpicos de Paris, onde viviam 500 migrantes. Em julho, outras 150 pessoas que haviam encontrado refúgio em uma casa de repouso abandonada em Thiais (Val-de-Marne) também foram expulsas.

Ali, um funcionário da limpeza na Disneyland, na região de Val-de-Marne, havia contado, durante sua expulsão de um acampamento anterior, em Seine-Saint-Denis, que havia sido enviado por engano pelas autoridades em um ônibus para perto de Toulouse, no sudoeste da França. O refugiado sudanês acabou voltando alguns dias depois para a região parisiense, para se instalar no acampamento de Vitry-sur-Seine, por falta de opção, para poder continuar a trabalhar.

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