Disputa entre extremos nas eleições legislativas divide católicos na França

Faltando 10 dias para o primeiro turno das eleições legislativas antecipadas na França, nesta quinta-feira (20) a imprensa bate na tecla dos impasses da disputa entre os extremos e a divisão de posicionamentos que racha tanto o governo quanto a população francesa. 

O jornal católico La Croix imprime a manchete "Católicos divididos", que destaca o contraste no meio religioso antes das eleições de 30 de junho e 7 de julho. Segundo a publicação, os católicos franceses "têm uma compreensão diferente do compromisso em nome de sua fé" e se dividem tentados a bloquear "os extremos". De um lado, o RN (Reunião Nacional, de extrema direita), do outro, a coalizão Nova Frente Popular, de esquerda.

Desde o anúncio da dissolução da Assembleia Nacional as divisões entre os católicos ficaram evidentes, aponta o jornal, que exemplifica casos de "amizades que acabaram" e famílias em desacordo, principalmente nas redes sociais. 

 

Alguns defendem que "unir-se à extrema direita significa negar dois mil anos de tradição cristã de acolhimento de estrangeiros", embora o assunto continue sendo um tabu, especialmente nas paróquias, por medo de dividir as comunidades. Os católicos estão rachados entre várias questões de importância primordial para eles, como a bioética, a luta contra a pobreza e a ecologia, bem como a defesa da identidade cristã e os valores da família tradicional. 

Esquerda: 10 dias para voltar a ser popular

Já o jornal de esquerda Libération destaca que para a Nova Frente Popular ter "alguma esperança de vencer as eleições parlamentares", ela terá que lidar com sua impopularidade entre aqueles eleitores que normalmente se abstêm do voto. E deverá voltar a se envolver com o eleitorado, em tempo recorde, com promessas de progresso social e do convencimento das pessoas a se mobilizarem contra a extrema direita.  

Para o Libé "esse é o desafio que a esquerda enfrenta nesta campanha legislativa inesperadamente rápida: manter-se como um baluarte contra a extrema direita na porta do poder. Para isso, ela precisa se reconectar com a classe trabalhadora".  

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Instabilidade da França preocupa a Europa

O diário Le Figaro, traz na capa outra preocupação: a desestabilização do mercado financeiro europeu. "A grande instabilidade política criada pela dissolução e a perspectiva de ver o programa econômico do RN, ou ainda mais o da extrema esquerda, estão preocupando na Europa. Essa desordem está enfraquecendo o crédito da França junto aos mercados financeiros", resume o jornal.  

Além disso, outro texto do mesmo impresso traz a perspectiva do centro da política francesa com o atual primeiro-ministro Gabriel Attal na linha de frente de uma campanha "desmacronizada", já que entrou em desacordo com Emmanuel Macron, do partido Renascimento, por sua decisão de dissolver o governo francês após as eleições europeias. 

Attal tem criticado em aparições na TV o custo dos programas dos extremos, tanto do RN quanto da Nova Frente Popular. De acordo com Le Figaro, nesta quinta-feira ele dará uma coletiva de imprensa antes de viajar pelo país em campanha, na qual teria entrado "com força total", depois de "se certificar que Macron seria o mais discreto possível" nesta reta final para o pleito, explica o diário. 

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