Cisjordânia: Exército israelense amarra palestino ferido ao capô de um veículo e provoca indignação

Um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais e exibido por canais de televisão locais e internacionais gerou indignação. Nas imagens feitas em Jenin, a terceira maior cidade da Cisjordânia, um palestino aparece amarrado ao capô de um jipe ??do Exército israelense. O homem capturado durante um ataque a esta cidade ao norte do território palestino está ferido e é transportado ainda vivo. Segundo a relatora especial da ONU, Israel usou o homem como "escudo humano". Neste domingo (23), o Exército israelense admitiu "violação de regras de conduta". 

Os fatos aconteceram no sábado (22), quando Mujahed Abbadi, um palestino de 24 anos do campo de refugiados local, foi baleado em um ataque israelense. A família dele chamou a ambulância, mas os soldados levaram a vítima antes, amarrando o jovem ao capô quente de seu veículo. Ele tinha um braço no para-brisa, o outro dobrado sobre o abdômen, detalha a correspondente da RFI em Jerusalém, Alice Froussard.

Segundo um dos paramédicos do Crescente Vermelho Palestino, que passou bem ao lado do jipe ??militar, os soldados se recusaram a entregar o ferido. Além disso, eles não negaram ter amarrado o jovem palestino ao carro.

"Durante as operações antiterrorismo para deter suspeitos procurados na área de Wadi Burqin, os terroristas abriram fogo contra as tropas", informou o Exército. Durante esta troca de tiros entre soldados e pessoas armadas, os militares explicam que "um dos suspeitos foi ferido e detido".

Face aos protestos e após a distribuição massiva do vídeo, o Exército admitiu, neste domingo, que os soldados "violaram as regras de conduta e os valores do Exército" quando "amarraram" o palestino, e que uma investigação seria aberta.

"Eles pisaram na minha cabeça, me bateram no rosto. Eles estavam rindo"

A vítima permaneceu no capô, antes de ser entregue a socorristas palestinos. Segundo Bahaa Abou Hammad, cirurgião do hospital, Mujahed Abbadi "tem uma fratura" e "lesões". Ele foi "operado com urgência" e "tem uma queimadura nas costas, do pescoço até a região lombar", acrescentou a fonte médica.

Em entrevista à AFP, Abbadi explicou que foi ferido por tiros e ficou sem poder se mover por mais de duas horas atrás de um veículo militar israelense. "Quando eles se aproximaram de mim, pisaram na minha cabeça, me bateram no rosto, nas pernas e nas mãos, que estavam feridas. Eles estavam rindo", disse. A vítima especificou que estes soldados o "levantaram", "jogaram no chão" e depois "jogaram no capô de um jipe" que na hora estava quente, segundo ele.

Para muitos, este incidente ilustra o nível de desumanização dos palestinos e a utilização de "escudos humanos", como escreveu nas redes sociais Francesca Albanese, relatora especial da ONU para o Território Palestino.

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