Em carta aberta aos franceses, Macron reconhece 'fratura democrática' e promete mudar

As forças políticas francesas e setores da sociedade civil que defendem valores republicanos intensificam suas campanhas para evitar uma vitória da extrema direita no primeiro turno das eleições legislativas de 30 de junho. O presidente Emmanuel Macron volta a se envolver na disputa e publica, nesta segunda-feira (24), uma carta aberta em jornais regionais, endereçada aos franceses.

Na carta, Macron rebate as críticas por ter dissolvido a Assembleia Nacional, segundo ele "a única decisão que poderia fazer o país avançar e se unir". Em seguida, aponta o que considera aspectos negativos dos programas das coligações de extrema direita e de extrema esquerda, que aparecem em primeiro e segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Na avaliação do líder francês, apenas o bloco de centro, que promete a continuidade, representa a terceira via que pode garantir a estabilidade do país.

Macron diz ter compreendido "o sentimento de revolta dos franceses" contra ele, o que levou a extrema direita a vencer as eleições europeias. "Eu não sou cego e entendo a 'fratura democrática', a divisão entre o povo e os dirigentes do país (...). É preciso mudar profundamente a forma de governar", promete o centrista.

Mea Culpa

A carta é interpretada por alguns editorialistas como um "ato de contrição", o jeito encontrado por Macron para manifestar seu arrependimento por ter dissolvido a Assembleia e deixado o caminho aberto para a extrema direita chegar ao poder.

Diante dessa possibilidade, 170 diplomatas e ex-diplomatas franceses publicam uma petição no jornal Le Monde para alertar os franceses contra a perda de influência da França e da União Europeia no mundo, caso a extrema direita vença as eleições. Os diplomatas dão como exemplo o que aconteceu com o Brasil, durante o governo de Jair Bolsonaro, com os Estados Unidos, na presidência de Donald Trump, e no Reino Unido, após o Brexit.

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