Lula faz pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no G20

A presidência brasileira do G20 faz nesta quarta-feira (24) o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza em uma grande reunião comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Rio de Janeiro. Mais do que um programa, a iniciativa é uma plataforma que vai conectar os países que pretendem financiar políticas sociais de sucesso reconhecido em nações mais pobres. A aliança nasce no G20, terá o lançamento oficial em novembro durante a cúpula de chefes de Estado e de governo, no Rio de Janeiro, e passa a funcionar com meios próprios a partir de 2025. O tema é prioridade máxima do Brasil durante o ano em que está no comando do grupo das 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana, e, talvez, seja a maior conquista visível do G20 até o momento.

Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro

Há muitos temas em negociação no G20 sob o comando do Brasil. Várias pequenas ou médias vitórias já foram registradas, assim como diferenças ou desavenças. No entanto, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi desde sempre considerada a prioridade máxima da presidência brasileira do grupo, que se encerra após a cúpula de novembro, quando o Brasil passa o bastão para a África do Sul.

A iniciativa vai funcionar como uma espécie de "site de relacionamento". Na plataforma estarão em contato os países candidatos a patrocinar políticas públicas de sucesso, as nações que podem contribuir com prestação de serviço técnico a partir de suas experiências de sucesso ? Brasil, México, Índia, China estão entre elas ?, e o grupo de beneficiários, a maioria deles provavelmente países mais pobres, de fora do G20. Um rol das políticas a serem financiadas estará também disponível.

Regras de funcionamento

Durante a reunião de ministros nesta quarta-feira no Rio de Janeiro, serão aprovados os três documentos de base da iniciativa. Os textos criam as regras mínimas de funcionamento e de gestão.

Um deles é a chamada Declaração de Compromisso para a Aliança. Outro, permite o ingresso dos países no grupo e o detalhamento do projeto a que estão se comprometendo.

As regras também relacionam os países e órgãos que vão tocar a aliança depois que a iniciativa sair do guarda-chuva do G20, o que deve acontecer em 2025.

Um outro ponto importante é que o pré-lançamento marca a abertura da aliança para novas adesões. Os países do G20 já serão integrantes da plataforma, que também estará aberta para outras nações interessadas.

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Novo mapa da fome

Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apontam para um universo de 735 milhões de pessoas que passam fome do mundo, entre elas 135 milhões de crianças até cinco anos.

A entidade aproveita o lançamento para apresentar números novos, ao divulgar o relatório "O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI)", conhecido como o mapa da fome. Vai ser a primeira vez que a FAO divulga esses dados fora de Roma, onde tem sede.

Recursos para o combate à fome

Há um leque de opções em negociação para que se obtenham recursos para financiar o combate à fome. Há mecanismos que não existem, inovadores, de certa forma. Outros que já estão aí, mas que precisam ser melhorados ou adequados.

Há, por exemplo, a possibilidade de se facilitar o acesso a um dos fundos do Banco Mundial (Bird) de combate à fome para a aliança. Este último está engajado na empreitada. Já anunciou até que terá um representante dentro do banco só para tratar da aliança.

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Há também o uso de redes especiais de saques do Fundo Monetário Internacional (FMI), que precisam ser autorizadas para esta destinação. E ainda a possibilidade de trocar a dívidas de países pobres pela adoção dessas políticas que estarão elencadas na carteira da aliança. Já se fez coisa parecida com o Equador, que pôde trocar dívida por projetos de proteção ambiental.

Os países onde há mais presença de fome são também os mais endividados internacionalmente, o que os impossibilita, por questões fiscais, de investir em políticas sociais. Além disso, há a expectativa de que vários países se dispoham a contribuir com recursos tirados de seus próprios orçamentos. O governo brasileiro diz que já teve a sinalização de alguns deles. A adesão poderá se dar até novembro, quando haverá o lançamento pleno do programa.

Pré-lançamento

O pré-lançamento terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estará acompanhado dos ministros Mauro Vieira, das Relações Exteriores, Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, e Fernando Haddad, da Fazenda, além dos ministros do G20 que participaram da semana de reuniões de alto nível no Rio de Janeiro que marcaram o início da segunda fase da presidência brasileira do grupo.

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