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Originalidade da cerimônia de abertura de Paris 2024 é elogiada em todo mundo, mas choca ultraconservadores

27/07/2024 08h18

A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi acompanhada por mais de um bilhão de espectadores em todo o mundo na sexta-feira (26). O espetáculo, marcado pela originalidade, foi saudado no exterior, como indicam os correspondentes da RFI em Washington, no Rio de Janeiro ou em Kiev. No entanto, ultraconservadores americanos, como o canal Fox News, ficaram chocados com algumas cenas.

Lady Gaga, Aya Nakamura, Céline Dion e um desfile de atletas no Sena proporcionaram um espetáculo grandioso e inédito. Mais de um bilhão de espectadores puderam admirar na sexta-feira, durante mais de quatro horas, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.

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Na França, 22 milhões de pessoas assistiram o evento pela televisão. Às margens do rio parisiense, mais de 300.000 pessoas enfrentaram a chuva incessante para presenciar o espetáculo.

Nos Estados Unidos, a cerimônia de abertura impressionou e surpreendeu. "Eu não consigo falar", foi a reação da comentarista do canal NBC após a apresentação final da cantora Céline Dion na Torre Eiffel. A história do retorno da canadense, que enfrenta uma longa doença e vive em Las Vegas, emocionou o país que a adotou. Mas esse não foi o único momento de espanto.

Descobrindo que os franceses podem ao mesmo tempo assumir e se divertir com a decapitação da rainha Maria Antonieta, reproduzida carregando a própria cabeça, ela soltou um "what?" ("o quê?") incrédulo.

Reação dos ultraconservadores

A comentarista, contudo, não mencionou a performance do artista francês Philippe Katerine, que se apresentou como um Dionísio nu e azulado. Mas os internautas americanos notaram. A performance de Katerine e, principalmente, a reprodução do quadro "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, por drag queens chocaram a extrema direita nos EUA e desencadearam posts virulentos nas redes sociais. A emissora ultraconservadora Fox News dedicou uma matéria na internet ao assunto.

O bilionário Elon Musk criticou a cena e em uma mensagem em sua rede X, chamando a encenação de "desrespeitosa para os cristãos".

Por outro lado, o Wall Street Journal, um dos jornais do magnata da mídia Rupert Murdoch, descreveu o evento como uma "façanha", ecoando o sentimento geral da imprensa americana, que ficou impressionada com o sucesso do espetáculo, conforme relatou o Washington Post.

Apresentação de Aya Nakamura encantou o Rio de Janeiro

No Brasil, a correspondente da RFI Sarah Cozzolino constatou que os brasileiros continuam apaixonados pelas Olimpíadas, oito anos após os Jogos Olímpicos em 2016 do Rio de Janeiro. Muitos cariocas acompanharam a cerimônia francesa na praia de Copacabana.

De boina amarela e camisa da seleção feminina de futebol do Brasil, Carla Lemos misturou as duas culturas em seu figurino. Ela ficou especialmente emocionada com o show da cantora Aya Nakamura, acompanhada pela Guarda Republicana. "É importante mostrar que Paris também é uma cidade multicultural, que as referências vêm de diferentes origens e, assim, ampliar nossa percepção cultural do que é a França hoje", disse.

Jô Raposo, influenciadora transgênero, esperava ansiosamente o espetáculo de outra diva, Lady Gaga. "Eu adorei, acho que ela representou muito bem o espírito do cabaré para o mundo todo", comentou.

A realização da cerimônia fora do estádio e integrada à cidade de Paris agradou à maioria, mas Bruno Chateaubriand, ex-campeão brasileiro de ginástica, criticou. "Como atleta, sinto um aperto no coração porque, quando se faz uma competição olímpica, os protagonistas são os atletas e nessa cerimônia os atletas não participaram realmente do espetáculo", criticou.

Fan zone em Kiev 

Em Kiev, apesar da guerra, uma fan zone foi criada para o evento, constatou a correspondente da RFI na Ucrânia, Emmanuelle Chaze. Entre os espectadores, um atleta ucraniano expressou a dificuldade de celebrar o esporte enquanto o país ainda enfrenta a agressão russa.

Vladyslav Heraskevych, de 25 anos, acaba de voltar de um treinamento no exterior. Ele disputou duas olimpíadas de inverno, na disciplina de Skeleton, e para ele esses Jogos Olímpicos têm um gosto amargo. "Eu perdi uma colega de classe há algumas semanas, que foi morta em um bombardeio, e perdemos tantos grandes atletas, que tinham 22-23 anos. Isso é muito louco", denuncia.

Cerca de 500 atletas ucranianos foram mortos pelo exército russo na linha de frente ou em ataques aéreos. Por isso, Vladyslav Heraskevych questiona a presença de atletas russos sob bandeira neutra em Paris. Segundo ele, essa situação "é falta de competência do COI ou uma espécie de jogo ou hipocrisia".

Na Ucrânia, os Jogos de Paris serão acompanhados, em consideração aos 140 atletas ucranianos selecionados, mas a trégua olímpica não é respeitada. Em todo país, o evento esportivo não faz esquecer a guerra em curso.

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