Brasil faz ameaça a quem boicotar produtos nacionais: 'Grave impacto'
Num comunicado emitido entre o Itamaraty e o Ministério da Agricultura, o governo brasileiro faz uma ameaça clara a empresas e parceiros que optem por realizar algum tipo de boicote aos produtos agrícolas nacionais.
O alerta foi feito depois de a recente publicação do CEO Global do Carrefour, Alexandre Bompard, na rede social X, sobre uma suspensão da compra de carnes brasileiras por uma questão sanitária.
Para o governo, a publicação "contém desinformação e ataca a qualidade de produtos brasileiros". O CEO da empresa já emitiu uma retificação em carta enviada ao Ministro da Agricultura e Pecuária. Mas o governo Lula insiste que "se manterá vigilante na defesa da imagem do País e da sua produção, em coordenação com o setor privado".
"O governo brasileiro espera que as empresas que anunciaram boicotes a produtos brasileiros revertam essas decisões infundadas e que todos os atores que tenham contribuído para essa campanha de desinformação tenham presentes as consequências negativas de seus atos e levem em conta o grave impacto que poderão ter para as suas relações com o Brasil, que devem permanecer mutuamente benéficas e sempre pautadas pelo respeito e pela lealdade", disse a nota conjunta.
O texto não explica quais seriam as ações.
A nota aponta que o Brasil "ressalta a importância da parceria estratégica, dos fluxos de comércio e dos laços históricos que mantém com o continente europeu de maneira geral e com a França em particular".
Ainda assim, o alerta é claro:
"Não obstante, voltará a reagir com firmeza contra qualquer nova campanha que tenha como alvo a imagem de produtos brasileiros, em especial do agronegócio, cujos padrões de excelência ao longo de toda a cadeia produtiva são reconhecidos em todo o mundo", disse.
A nota não cita, porém, os ataques que o Brasil recebeu nesta terça-feira, durante audiência no Parlamento francês. O legislativo aprovou uma moção contra um acordo com o Mercosul.
Mas nas mais de quatro horas de debates, deputados de esquerda, ecologistas e de direita criticaram as condições sanitárias dos produtos nacionais. Um deles chegou a falar em "lixo", enquanto outros citaram termos como "tóxicos" e "cancerígenas".
Segundo o governo brasileiro, "a condição de protagonista no mercado global de alimentos, conquistada com produtos competitivos, sustentáveis e, sobretudo, de alta qualidade e rigor sanitário, é resultado do trabalho de várias gerações de brasileiras e brasileiros".
"Graças a essas características e à capacidade de atender plenamente às exigências e controles sanitários de mais de 160 países, incluindo os rigorosos controles da União Europeia, a produção brasileira também superará, como superou no passado, as atuais manifestações protecionistas baseadas em campanhas generalizadas sem qualquer base nos fatos e no sistemático ataque à imagem de produtos concorrentes", completou.
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