Apenas com brasileiros amadores, maratona tem vitória do etíope Tamirat Tola e quebra de recorde olímpico
O etíope Tamirat Tola venceu a maratona olímpica dos Jogos de Paris neste sábado (10), numa prova marcada pela desistência do queniano Eliud Kipchoge, que tentava conquistar o terceiro ouro consecutivo, mas abandonou a corrida. Daniel Nascimento, o único brasileiro corredor profissional classificado, não pode correr após exame de doping positivo.
Tola, que vai completar 33 anos no domingo, venceu no atípico traçado parisiense com um tempo de 2 horas, 6 minutos e 26 segundos, estabelecendo um novo recorde olímpico. O belga Bashir Abdi cruzou a linha de chegada 21 segundos atrás e ficou com a medalha de prata, enquanto o bronze foi para o queniano Benson Kipruto, que chegou 34 segundos atrás do vencedor.
O etíope, que foi bronze nos 10.000 metros dos Jogos do Rio de Janeiro em 2016, foi o herói da manhã ensolarada em Paris. Rapidamente foi para a ponta do pelotão e mostrou estar preparado para a maratona, que tinha um percurso com 436 metros de elevação. O encadeamento de subidas e descidas em Paris, passando por Versalhes, acabou afetando o desempenho dos corredores, a maioria deles acostumados a maratonas em terrenos mais planos.
"Obrigado, Paris!", disse Tola depois de cruzar a linha de chegada. "Estou muito feliz, fui campeão do mundo em 2022 e agora sou campeão olímpico. É o dia mais feliz da minha vida, esse era o meu objetivo", comemorou. Com sua vitória neste sábado, ele se torna o quarto etíope a ser campeão olímpico da maratona masculina, depois do pioneiro Abebe Bikila, com as vitórias em 1960 e 1964, Mamo WOlde (1968) e Gezahegne Abera (2000).
Amadores na pista
Daniel Nascimento era o único brasileiro classificado para competir entre os profissionais na maratona olímpica de Paris. No entanto, após testar positivo duas vezes nos exames de doping feitos pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e pelo órgão de controle de doping da World Athletics, ele ficou fora da prova. Essa foi a primeira vez em 44 anos que o Brasil não teve representante profissional na maratona olímpica.
Porém, em uma iniciativa inédita, as Olimpíadas de Paris autorizaram a participação de amadores na prova que geralmente acontece no final dos Jogos. Dos 20 mil inscritos, 195 eram brasileiros.
Campeão desistiu
Mas a imagem simbólica da maratona foi a de Eliud Kipchoge com muitos problemas e até andando durante a corrida. Ele ficou distante do pelotão da frente e abandonou a prova depois do quilômetro 30, quando já tinha 8 minutos e 30 segundos de atraso em relação aos líderes.
Ex-recordista mundial (2h01:09 em 2022), Kipchoge sonhava em ser o primeiro maratonista a acumular três ouros olímpicos, superando o alemão Waldemar Cierpinski (em Montreal-1976 e Moscou-1980) e o etíope Abebe Bikila (Roma-1960 e Tóquio-1964), mas em nenhum momento esteve perto da façanha.
"Hoje foi um dia difícil. É como no boxe, você pode treinar cinco meses para uma luta e eles te nocauteiam em dois segundos. Mas a vida continua", disse Kipchoge, que admitiu ter sido sua "pior maratona".
(Com agências)
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