Polícia britânica investiga morte de ex-funcionário de empresário desaparecido em naufrágio de iate na Sicília

O mistério em torno do naufrágio de um iate de luxo perto da costa de Sicília não para de aumentar. Após o anúncio do desaparecimento do magnata britânico Mike Lynch na segunda-feira (19), as autoridades confirmaram nesta terça-feira (20) que o executivo Jonathan Bloomer, presidente do Conselho de Administração do Morgan Stanley International, também estava na embarcação. Logo depois, a polícia da Inglaterra informou que está investigando a morte por atropelamento na Inglaterra de outro empresário britânico julgado com Lynch em um imenso escândalo de fraude nos Estados Unidos. 

As buscas foram retomadas nesta manhã e mergulhadores inspecionam a quase 50 metros de profundidade os destroços do iate "Bayesian", atingido por uma tempestade em Porticello, no litoral siciliano, sul da Itália. No entanto, o acesso ao interior da embarcação está inacessível, em razão da obstrução da entrada por móveis, indicaram os bombeiros italianos na rede social X.  

O acidente deixou um morto e seis desaparecidos, entre eles, o proprietário da embarcação, Mike Lynch, apelidado de "Bill Gates britânico". Doze passageiros e dez membros da tripulação, a maioria vinda do Reino Unido, estavam a bordo. O único corpo encontrado é o do cozinheiro do veleiro, nascido no Canadá, mas com nacionalidade de Antígua e Barbuda. 

Quinze pessoas foram resgatadas, entre elas, a esposa de Lynch, Angela Bacares, internada em um hospital da Sicília com ferimentos leves. A filha do casal, Hannah, de 18 anos, segue desaparecida. 

A seguradora britânica Hiscox revelou nesta manhã que os corpos do presidente do Conselho de Administração do Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, e sua esposa, Judy, também estão sendo procurados. O executivo de 70 anos comandou várias organizações de serviços financeiros ao longo de sua carreira, tendo assumido a presidência do Morgan Stanley International em 2016. Ele fazia parte das pessoas convocadas para testemunhar a favor de Lynch em um imenso julgamento de fraude no qual o magnata britânico foi inocentado em junho.

Viagem para comemorar absolvição

Mike Lynch, de 59 anos, é fundador da empresa de software Autonomy, com uma fortuna avaliada em £ 500 milhões (cerca R$ 3,51 bilhões), de acordo com a última "Lista dos Ricos" do jornal britânico Sunday Times. Nos últimos anos, o empresário tem sido notícia devido a um julgamento em um caso de fraude ligado à venda de sua empresa ao grupo americano HP por US$ 11 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões) em 2011.

A HP acusou a empresa de falsificar suas contas e Lynch de inflacionar artificialmente o crescimento das receitas e a margem de lucro da Autonomy. Em 2023 ele chegou a ser extraditado do Reino Unido para os Estados Unidos para ser julgado e acabou absolvido em junho. Segundo uma fonte próxima do magnata, Lynch organizou a viagem no iate para celebrar com familiares, amigos, funcionários e advogados a decisão da Justiça americana. 

Morte de ex-funcionário

A milhares de quilômetros de distância da Sicília, outra personalidade do mundo das finanças julgada junto com Lynch, o empresário britânico Stephen Chamberlain, de 52 anos, morreu nesta terça-feira. O homem foi atropelado por um carro no último sábado (17) na Inglaterra. 

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Chamberlain era o ex-vice-presidente encarregado das finanças da Autonomy. Como o proprietário da empresa, ele foi inocentado há dois meses, após ser acusado de ter escondido irregularidades contáveis importantes no período em que trabalhou na firma, entre 2005 e 2012. 

Ele foi atropelado na manhã de sábado na região de Cambridge, no leste da Inglaterra, enquanto corria. A motorista do veículo, uma mulher de 49 anos, está sendo investigada. A polícia britânica também informou que está em busca de testemunhas do acidente.

A família de Chamberlain divulgou um comunicado em que o descreve como "uma pessoa extraordinária" e "com o único objetivo na vida de ajudar os outros de todas as maneiras possíveis". Seu advogado, Gary Lincenberg, citado pelas mídias britânicas, o descreve como "um homem corajoso", de "integridade única". 

(RFI com informações da AFP)

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