Paratletas não são super-heróis, mas esportistas de alto nível, defende imprensa francesa

A imprensa francesa entra novamente em clima de festa, desta vez com os Jogos Paralímpicos. O evento tem início na noite desta quarta-feira (28) e estampa as capas dos maiores jornais do país, que se mobilizam contra os clichês relacionados aos paratletas.

 

"Paris 2024: segundo round" é a manchete do jornal Le Parisien, que estampa sua capa com uma foto da Praça da Concórdia iluminada, um prelúdio da grande festa que promete atrair novamente os olhares do mundo inteiro à capital francesa. "Até 8 de setembro o coração dos franceses vai recomeçar a bater muito forte", afirma o diário.

Le Parisien destaca que a, a exemplo da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, a festa desta noite será a primeira abertura de uma Paralimpíada realizada fora de um estádio. Intitulada de "Paradoxo", e assinada por Thomas Jolly, o evento promete ser histórico e inclusivo.

O diretor de teatro que causou polêmica no último 26 de julho por ter uma das cenas da abertura da Olimpíada confundida com a Santa Ceia, quer ir além do clichê do "atleta herói", mas criar um espaço de reflexão para, segundo ele, "representar e tornar visíveis" as pessoas com deficiência. 

Menos preconceito, mais desempenho

"Paris é uma festa", diz o jornal esportivo L'Equipe em sua manchete, fazendo um trocadilho com o nome da famosa obra do escritor americano Ernest Hemingway. A capa do diário é estampada com a foto dos dois porta-bandeiras da França, os paratletas Nantenin Keita e Alexis Hanquinquant.

No mesmo espírito da recusa de clichês, L'Equipe diz em editorial que pretende respeitar o pedido de muitos paraesportistas que não querem ser tratados como super-heróis. "Eles são atletas de alto nível", diz o editorial do diário. "É preciso livrar nossos olhares do preconceito e nos concentrarmos em suas performances", sublinha.

É esse o tom utilizado pela paratriatleta Nantenin Keita, em entrevista ao jornal Libération desta quarta. "Em termos de performance pura, o nível dos esportistas está explodindo", diz.

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Essa será a quinta olimpíada da velocista de 39 anos, medalha de ouro no Rio, em 2016, nos 400 metros categoria T13. Para ela, "é preciso colocar de lado o aspecto patológico da deficiência e se concentrar no desempenho e na superação que cada esportista de alto nível possui".

Mesma torcida, mesmo amor

"Jogos Paralímpicos para prolongar o fervor" é a manchete do jornal Le Figaro, que estampa sua capa com uma foto de três atletas durante o teste do paratriatlo, na Praça da Concórdia, em agosto de 2023. O diário afirma que é lá, no coração da capital francesa, que serão reacesos a chama e o espírito olímpico que levou o país inteiro ao delírio, há pouco menos de um mês.

Em editorial, Le Figaro escreve que "os paratletas merecem a mesma torcida e a mesma dose de amor dos Jogos Olímpicos". O texto reitera que, para quem perdeu o primeiro episódio de um momento único na capital francesa, essa é a última ocasião de participar de um evento desta grandeza em casa. "Paris 2024 é agora ou nunca", sublinha.

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