Trump é indiciado novamente, mesmo após a Suprema Corte garantir imunidade a ex-presidentes

O ex-presidente Donald Trump foi indiciado novamente nesta terça-feira (27), acusado de tentar reverter o resultado das eleições de 2020. 

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

O novo processo é uma atualização de uma acusação existente, reformulada pela equipe do Procurador Especial dos EUA, Jack Smith, que agora se concentra nas ações de Trump como candidato, em vez de presidente em exercício. Isso evita a recente decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que garantiu ampla imunidade a ex-presidentes por ações realizadas durante o mandato.

A manobra acontece dias antes de promotores e advogados de defesa de Trump se apresentarem diante da juíza que supervisiona o caso, Tanya Chutkan, para dizer como eles querem prosseguir à luz da decisão da Suprema Corte. 

Chutkan deverá analisar agora se as alegações da acusação são resultados de ações não oficiais, ou seja, tomadas na esfera privada de Trump, e só então determinar se o processo segue adiante.

Trump, candidato republicano à eleição presidencial, declarou-se inocente e continua a afirmar que as ações legais contra ele têm motivação política. Em uma declaração recente na plataforma Truth Social, ele argumentou que a decisão da Suprema Corte deveria resultar na rejeição completa do caso.

O processo revisado acusa Trump de conspirar para impedir a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden, destacando a pressão que ele teria exercido sobre o então vice-presidente Mike Pence em 6 de janeiro de 2021. A invasão do Capitólio por seus apoiadores naquele dia continua sendo um ponto central do caso.

Foco em testemunhas que não faziam parte do governo

Com a decisão da Suprema Corte, a nova acusação retirou referências às interações de Trump com o Departamento de Justiça e outros funcionários governamentais, focando agora em testemunhos de pessoas fora do governo, como Rusty Bowers, ex-presidente da Câmara do Arizona. 

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Bowers apoiou a campanha de reeleição de Trump em 2020, mas após a derrota, o advogado de Trump, Rudolph Giuliani, ligou para Bowers pedindo ajuda para que o Arizona anulasse os votos de Joe Biden antes da certificação do resultado.

Este indiciamento é um dos quatro processos criminais que Trump enfrenta e foi adiado devido à alegação de imunidade. A Suprema Corte, onde três juízes foram nomeados por Trump, tomou uma decisão que agora o beneficia.

Em outro processo, civil, em Nova York, Trump foi condenado por falsificação de documentos contábeis para ocultar um pagamento destinado a silenciar a ex-atriz pornô Stormy Daniels e deve ser sentenciado no próximo dia 18 de setembro. Trump já pediu para adiar a data da sentença para depois das eleições de 5 de novembro.

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