Kamala Harris se destaca no primeiro debate e coloca Trump na defensiva

Kamala Harris, do partido Democrata, e o ex-presidente Donald Trump, do partido Republicano, se enfrentaram pela primeira vez na noite desta terça-feira (10), nos estúdios da rede ABC, na Filadélfia. O debate dos dois candidatos à presidência dos EUA durou cerca de 90 minutos e teve uma audiência recorde.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Kamala Harris, que recentemente assumiu a candidatura democrata, destacou-se por abordar temas polêmicos como economia e imigração. "Durante a administração de Trump, a classe média foi deixada de lado. Meu plano visa cortar impostos e dar incentivos a pequenos empreendedores", ressaltou.

A candidata do Partido Democrata também refutou a ideia de que "o país estava melhor sob o comando de Trump", afirmando que "a inflação é resultado direto de uma má gestão", ao criticar a política econômica de Trump.

O ponto alto de Harris veio na discussão sobre o aborto. Trump defendeu que a decisão sobre a questão seja da alçada dos estados, mas a candidata argumentou que "as mulheres perderam o controle sobre seus próprios corpos com a revogação de Roe vs. Wade, e isso era inaceitável".

Trump, por sua vez, elogiou os juízes que decidiram pelo fim da prerrogativa legal, dizendo que "os democratas são radicais em relação ao aborto". Harris, no entanto, colocou Trump contra a parede e saiu com uma vantagem significativa.

O debate também contou com um apoio importante para Harris. No Instagram, a cantora Taylor Swift, declarou apoio à candidata, afirmando que "Kamala Harris representa a renovação que o país precisa". A estrela pop aproveitou para criticar Trump pelo uso da Inteligência Artificial para falsificar uma mensagem de apoio supostamente feita por ela.

Trump resiste, mas sai enfraquecido

Donald Trump manteve sua postura combativa, mas teve dificuldades ao longo do debate. Ao abordar temas como imigração, ele foi desmentido por Harris e pelos mediadores.

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Trump alegou que imigrantes haitianos estavam causando problemas em Springfield, no estado de Ohio, e afirmou que eles "estavam comendo animais de estimação dos moradores". A declaração foi imediatamente refutada pelo mediador e Harris respondeu ironicamente: "O quê?".

Em outro momento, Trump foi questionado sobre a imigração e a promessa de deportar 11 milhões de clandestinos. Em vez de responder diretamente, ele afirmou que "os níveis de criminalidade na Venezuela estão caindo porque os criminosos estão vindo para os Estados Unidos". Mais uma vez, Trump foi desmentido com dados do FBI que indicavam uma diminuição na criminalidade no país.

O debate também foi uma oportunidade para Harris destacar os problemas legais de Trump, mencionando suas 34 acusações criminais e outras investigações em andamento. O candidato republicano se defendeu alegando que "os democratas politizaram o sistema de justiça".

Harris rebateu dizendo que o republicano havia declarado publicamente que iria perseguir seus inimigos, caso fosse eleito. Ela se referia a uma publicação feita pelo ex-presidente na plataforma Truth Social durante o último fim de semana. "Quando eu ganhar, essas pessoas que trapaçaram serão processadas com todo o rigor da Lei, o que incluirá sentenças de prisão de longo prazo para que essa depravação da Justiça não aconteça novamente", escreveu Trump.

Uma nova fase na corrida eleitoral

O debate marcou uma mudança significativa na corrida presidencial de 2024. Em sua declaração, Kamala Harris demonstrou ser uma candidata mais preparada. "Claramente, eu não sou Joe Biden, e definitivamente não sou Donald Trump. O que ofereço é uma nova geração de liderança para nosso país".

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Agora, a disputa eleitoral parece ter ganhado um novo fôlego. Harris sai fortalecida pelo seu desempenho e o apoio inesperado de figuras públicas. Trump, por outro lado, não surpreendeu e teve dificuldades em se desviar de suas próprias polêmicas. No final do debate, ele afirmou que "aceitaria debater novamente com Harris antes de novembro", e manteve em aberto a possibilidade de um segundo encontro entre os candidatos.

Com as eleições se aproximando, o impacto do primeiro debate será decisivo e os próximos meses definirão se a mudança de dinâmica será suficiente para alterar o curso das eleições de 2024. 

 

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