Conflito no Oriente Médio desgasta e enfraquece República dos Aiatolás, analisam revistas francesas

As revistas semanais francesas analisam o xadrez atual do Oriente Médio, onde o Irã se vê atacado em várias frentes pela represália israelense.

A revista Nouvel Obs lembra que antes de 7 de outubro de 2023, o Irã dominava a região, através de ofensivas no norte de Israel por meio do Hezbollah e ao desestabilizar o comércio marítimo global com ações dos aliados hutis. Um ano depois, a República Islâmica vem colecionando derrotas.

"Ao matar o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, no coração do dispositivo de segurança de Teerã, e ao aniquilar o estado-maior do Hezbollah, particularmente por uma operação de pirataria eletrônica sem precedentes, Israel demonstrou que havia infiltrado os serviços de inteligência iranianos. O truque que Teerã pensou ter armado contra Israel se voltou contra ele, especialmente porque a raiva cresce entre seus aliados na região: Hamas, Hezbollah e hutis", escreve a Nouvel Obs.

"O aiatolá Khamenei deve estar se sentindo bem sozinho. Os tempos mudaram e seus mais próximos homens de confiança não estão mais ao seu lado", bate na mesma tecla a revista L'Express.

"A desagregação do Hamas após um ano de guerra em Gaza e os golpes extremamente poderosos sofridos pelo Hezbollah, que perdeu em menos de um mês seu líder e uma boa parte de seu estado-maior, além de uma parte significativa de seus meios de ataque, reduziram consideravelmente sua capacidade de causar danos", acrescenta L'Express.

Ódio enraizado

Le Point analisa as raízes desse ódio tão profundo do Irã contra Israel. Primeiro, por razões políticas. "Para um Estado que deseja 'exportar a revolução', o antissionismo era um meio de ganhar prestígio na região e contestar à Arábia Saudita sunita o papel de líder do mundo muçulmano", explica o texto do especialista em geopolítica Bruno Tertrais.

Depois, por razões estratégicas. "Israel ('pequeno Satã') é visto como um símbolo do Ocidente em geral e dos Estados Unidos ('grande Satã") em particular", escreve. Finalmente, em menor medida, por razões geopolíticas. "O apoio à Síria, ao Hezbollah e ao Hamas foi também um meio, para Teerã, de ganhar acesso ao Mediterrâneo", conclui o texto, ressaltando que as próximas jogadas no tabuleiro mundial podem ser perigosas e assustadoras.

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