Trump e Harris divergem sobre crise de empregos na indústria dos EUA e trocam ironias sobre idade

Os candidatos às eleições presidenciais nos Estados Unidos, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, contarão com o apoio de famosos na campanha neste fim de semana. Nesta sexta-feira, os dois estavam em busca do voto dos trabalhadores no Michigan, um dos "estados-pêndulo" que definirão o pleito de 5 de novembro.

Michigan, sede das "três grandes" fabricantes de automóveis (Ford, General Motors e Chrysler), é um dos estados que não é fiel a um partido e decide o voto em função do candidato. Em cidades diferentes, Harris e Trump abordaram a perda de empregos industriais no país. Para combater o problema, a democrata defendeu os sindicatos e o republicano, a imposição de tarifas para trazer as empresas de volta aos Estados Unidos.

Harris, apoiada por simpatizantes com faixas dizendo "trabalhadores", alegou que os sindicatos contribuem com "justiça básica" e "dignidade". A atual vice-presidente prometeu reequipar as fábricas, incentiva a contração de trabalhadores locais e trabalhar "com os sindicatos para criar empregos bem remunerados, incluindo empregos que não exijam um diploma universitário". Se vencer o pleito, comprometeu-se a examinar os empregos federais para avaliar aqueles "que não deveriam ter esse requisito" de título universitário, e desafiará "o setor privado a fazer o mesmo".

"Nunca lhes direi que tipo de carro devem dirigir", acrescentou Harris, para se diferenciar do ex-presidente republicano, que defende os veículos a gasolina.

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Desde que Elon Musk, dono da Tesla, juntou-se à campanha trumpista, entretanto, o candidato suavizou sua oposição aos carros elétricos. "Não se enganem, Donald Trump não é amigo dos trabalhadores", alertou Harris ao público, que cantou "Parabéns a Você" à candidata, a dois dias do seu aniversário de 60 anos.

Para Trump, solução é 'tarifas gigantescas'

Em Detroit, antigo reduto da indústria automobilística americana, Trump explicou que vai impor "tarifas gigantescas, 100% e, se isso não funcionar" de "200%" com o objetivo de impedir que as companhias fabriquem carros no exterior para depois vendê-los nos Estados Unidos.

A sua maior preocupação é o caso do México, por sua proximidade geográfica, mas o republicano garante que se as fábricas forem construídas nos Estados Unidos, será "completamente diferente". Para ele, a palavra tarifa "é mais bonita que amor". "Vamos trazer de volta muita indústria e será genial", prometeu.

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As eleições presidenciais podem ser decididas por alguns milhares de votos em certos condados de seis ou sete estados, chamados de "estados-pêndulo" por não possuírem uma tendência política definida. Mais de 10 milhões de americanos já votaram antecipadamente, dos quais mais de 3 milhões nesses estados, segundo levantamento da Universidade da Flórida.

Harris questiona cansaço de Trump

A idade dos candidatos, um tema que tinha ficado de lado desde que o presidente Joe Biden abriu mão de concorrer à reeleição, voltou a ser um dos focos das falas de Harris e Trump, a 18 dias para o pleito.

"Se você está esgotado durante a campanha eleitoral, estará em condições para o trabalho mais difícil do mundo?", perguntou a democrata, referindo-se ao oponente, depois que a imprensa noticiou que o magnata cancelou várias entrevistas recentemente.

Trump negou a jornalistas ter cancelado atos e tachou sua rival de "perdedora" que "não tem a energia de um coelho". "Biden é um grande incompetente, mas a má notícia é que ela é pior", disse ele, a um podcast conservador.

Durante um comício democrata em Tucson, no estado do Arizona, o ex-presidente Barack Obama também tocou na tecla da idade: "Não precisamos ver como seria um Donald Trump mais velho e mais louco, sem salvaguardas", disse Obama, que neste sábado seguirá para Las Vegas em campanha pela vice-presidente e candidata. 

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Celebridades no palco

Kamala Harris e Donald Trump recebem neste fim de semana apoio de celebridades com perfis contrastantes em sua campanha à Casa Branca, que ainda ganha intensidade nesta reta final.

O bilionário surpreendeu ao confirmar que planeja trabalhar em uma lanchonete da rede McDonald's no fim de semana, para zombar da candidata democrata, que ele acusa de mentir quando diz que foi funcionária da rede de fast-food. Ele estará na Pensilvânia no sábado e domingo e deve contar com apoio de Elon Musk, que além de colocar o seu poder financeiro ao republicano, embarcou numa viagem turbulenta para atrair eleitores para Donald Trump. O CEO da Tesla e da SpaceX participará de um comício em Harrisburg.

Já a democrata subirá ao palco com dois artistas muito populares nos Estados Unidos: Lizzo, durante a tarde, e Usher, à noite. O primeiro comício acontece em Detroit, onde Lizzo nasceu.

A cantora, flautista e rapper de 36 anos já anunciou ter votado antecipadamente na candidata, que poderá se tornar a primeira mulher a chegar à presidência americana. Este objetivo estará praticamente cumprido se Harris conseguir vencer na Pensilvânia, Wisconsin e Michigan.

Nesta noite, a democrata viaja para outro estado crucial, a Geórgia. Harris fará um discurso em Atlanta, onde será acompanhada pelo cantor de RnB Usher. Os dois devem incentivar os eleitores a votarem antecipadamente, possibilidade aberta desde terça-feira e que já resultou em um milhão de votos em quatro dias, neste estado.

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Com informações da AFP

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