Trabalhadores da Boeing fecham acordo e encerram sete semanas de greve nos EUA
Nos Estados Unidos, os trabalhadores em greve da Boeing aceitaram um novo projeto de acordo social na noite de segunda-feira (4), pondo assim fim a uma paralisação de mais de sete semanas, que custou à empresa e aos seus fornecedores mais de US$ 10 bilhões.
As sete semanas de greve estão chegando ao fim. Após rejeitar duas propostas, o IAM-Distrito 751, braço do sindicato dos operadores mecânicos (IAM), indicou ter aprovado por 59% o acordo que prevê um aumento salarial muito próximo das suas reivindicações, mas não a reposição do antigo regime de reformas.
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Mais de 33 mil funcionários da região de Seattle, no noroeste dos Estados Unidos, retornarão para duas grandes montadoras da fabricante de aviões Boeing.
"A greve vai acabar e agora cabe a nós voltarmos ao trabalho e começar a construir os aviões, aumentar os preços e colocar esta empresa de volta no caminho do sucesso financeiro", disse Jon Holden, presidente do IAM-Distrito 751, durante uma coletiva de imprensa.
"Estou orgulhoso de nossos membros. Eles conquistaram muito e estamos prontos para seguir em frente"
Aumento salarial, bônus anual...
O projeto prevê um aumento salarial de 38% ao longo dos quatro anos de acordo social. O sindicato exigia 40%. Muitos trabalhadores também esperavam o restabelecimento do sistema com pensões de aposentadoria garantidas, que beneficiam 42% dos sindicalistas atuais, abolido por um acordo social em 2014 em prol de um sistema de capitalização.
"Acho que a Boeing pode fazer melhor. Eles podem nos devolver a aposentadoria e fazer mais em termos de equilíbrio entre vida pessoal e profissional", apontou Mike Corsetti, inspetor de qualidade há 13 anos, na última sexta-feira. Mas para a Boeing, este retrocesso é inconcebível porque é "excessivamente caro".
O grupo também restabeleceu um bônus anual (4% do salário anual), aumentou o bônus de ratificação (de US$ 3 mil para US$ 12 mil) e aumentou a contribuição para o plano de aposentadoria financiado. O compromisso de fabricar o seu próximo avião - previsto para 2035 - na região de Seattle, berço da Boeing, foi mantido, o que representa uma garantia de dezenas de milhares de empregos durante várias décadas.
A greve americana mais cara do século
Kelly Ortberg, chefe do grupo desde agosto, disse estar "feliz" por ter alcançado um acordo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, "parabenizou" o sindicato e a empresa "por chegarem a um acordo que reflete o trabalho árduo e os sacrifícios dos 33 mil trabalhadores" e também mencionou o apoio da sua equipe econômica.
O fim da greve é ??crucial para a Boeing, que se encontra em grandes dificuldades financeiras porque a paralisação afetava as duas fábricas que produzem o 737, o seu avião principal, o 777, o 767, além de vários programas militares.
Segundo o Anderson Economic Group, esta é a greve mais cara deste século nos Estados Unidos, com mais de US$ 11,56 bilhões em impacto direto desde 13 de setembro, incluindo US$ 6,5 bilhões em débitos para a Boeing e US$ 2,87 bilhões para os seus fornecedores.
(Com RFI e AFP)