Qual o cenário para "segunda temporada" de Donald Trump em relação ao Oriente Médio

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi um dos primeiros líderes a saudar a vitória de Donald Trump, parabenizando-o pelo "maior retorno da História". Após mais de um ano de guerra em Gaza, com o conflito se expandindo pela região e a ameaça constante de um confronto com o Irã, quais podem ser as consequências da vitória de Donald Trump para a região?

Por Nicolas Falez, da RFI

A administração democrata Biden-Harris, que acaba de ser destituída pelos eleitores americanos, estava em um impasse no Oriente Médio. Com apoio contínuo a Israel em sua guerra em Gaza, na forma de bilhões de dólares em armas e munições, ao mesmo tempo em que fazia críticas severas a Benjamin Netanyahu e seu governo, o governo Biden não exerceu pressão suficiente para impor um cessar-fogo.

Nesta quarta-feira (6), o primeiro-ministro israelense correu para as redes sociais para parabenizar Donald Trump. Em uma mensagem entusiástica, Benjamin Netanyahu saudou "o maior retorno da História" e um "poderoso reengajamento" na aliança entre os dois países.

Jerusalém

Com o retorno do republicano à Casa Branca, o governo israelense pode esperar uma política americana tão favorável quanto a do primeiro mandato de Trump (2016-2020). Na época, os Estados Unidos abandonaram o acordo nuclear com o Irã e restabeleceram sanções contra Teerã, em nome de uma política de "pressão máxima" sobre a República Islâmica e seus aliados regionais. Foi também nesse período que Washington reconheceu a soberania israelense sobre as Colinas de Golã (conquistadas da Síria em 1967) e reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, ignorando o direito internacional e as reivindicações palestinas.

Apesar desse histórico, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, reagiu com cautela ao resultado das eleições americanas de 2024, expressando confiança de que Trump apoiará "as aspirações legítimas" dos palestinos. Por sua vez, o Hamas palestino - responsável pelos ataques mortais de 7 de outubro de 2023 em Israel - afirmou que sua posição em relação a Trump "dependerá de sua política em relação aos palestinos", lamentando que sucessivas administrações americanas tenham sempre apoiado "a ocupação sionista".

Acordos de Abraão

Devemos esperar agora um apoio ilimitado de Donald Trump às operações militares de Israel em Gaza e no Líbano? Ou o 47º presidente dos Estados Unidos buscará ser "aquele que acaba com as guerras", em vez de quem as inicia, como já declarou? Será que Donald Trump conseguirá concluir os Acordos de Abraão, que durante seu primeiro mandato viram vários países árabes normalizar suas relações com Israel? Ou ele enfrentará resistência da Arábia Saudita, que atualmente exclui qualquer progresso nesse sentido, ignorando a questão do Estado palestino?

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Além disso, o novo presidente pretende intensificar a pressão sobre o Irã, país com o qual Israel vem se confrontando diretamente com mísseis e drones nos últimos meses, abrindo um novo capítulo na rivalidade regional?

Vale ressaltar que Benjamin Netanyahu não foi o único membro do governo israelense a expressar entusiasmo pela vitória de Donald Trump. A vitória também foi celebrada pelos ministros mais à direita da coalizão, como Betzalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben Gvir (Segurança Nacional).

Figuras da corrente nacionalista religiosa, esses dois ministros defendem a anexação da Cisjordânia por Israel e sonham ver colonos voltarem a se instalar na Faixa de Gaza após a guerra em curso. Essa agenda messiânica foi contida pela administração Biden, que sancionou colonos e organizações acusadas de violência contra palestinos na Cisjordânia.

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