'Você tem medo de ir à escola?': questionários anônimos para jovens visam prevenir bullying na França
Cerca de 7,5 milhões de alunos na França estão sendo incentivados, a partir desta quinta-feira (7), a preencher um questionário anônimo até a próxima semana, com perguntas que abordam situações concretas ligadas ao bullying escolar no país.
Um dia nacional para aumentar a conscientização sobre o bullying nas escolas entre jovens e adultos: nesta quinta-feira (7), as escolas francesas são incentivadas a organizar eventos sobre o problema, um ano após o lançamento do plano interministerial dedicado ao assunto, em setembro de 2023. O projeto havia sido anunciado após uma série de suicídios de alunos que sofreram assédio moral nos estabelecimentos escolares do país.
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No ano passado, pela primeira vez, um questionário de autoavaliação foi distribuído a todos os alunos para medir o nível de assédio entre os jovens na França. A mesma série de perguntas será distribuída novamente a partir desta quinta-feira.
Ao todo, cerca de 30 perguntas são feitas a alunos a partir da quinta série, e até 40 questões são apresentadas a alunos do ensino médio, com base em situações concretas: "Você tem medo de ir à escola? Sente dor no estômago devido ao que está vivenciando na escola? Você come sozinho na cantina? Sente-se envergonhado quando vai ao banheiro? Você tem pelo menos um amigo na escola?" são algumas das questões propostas aos jovens para medir e prevenir possíveis casos de bullying escolar.
Um ou dois alunos por classe sofrem bullying escolar
A circulação de mensagens e fotos nas redes sociais também é discutida neste contexto. O objetivo é identificar possíveis situações problemáticas. Cerca de 7,5 milhões de alunos estão sendo incentivados a preencher esse questionário em papel ou em espaços de trabalho digitais até a próxima semana.
Como aconteceu no ano passado, o questionário permanecerá anônimo para incentivar os jovens a se exprimirem. As equipes de ensino deverão então incentivar possíveis vítimas a se manifestarem.
Além da administração interna de cada escola, o ministério da Educação da França selecionou um painel representativo de turmas para processamento estatístico. No ano passado, a pesquisa mostrou que 5% dos alunos de escola primária foram assediados, 6% dos alunos entre quinta e oitavas séries, e 4% dos alunos do ensino médio, o que representa uma média de um ou dois alunos que sofrem bullying escolar por classe.
Associação contra o assédio em estabelecimentos de ensino
Na quarta-feira, o ex-primeiro-ministro Gabriel Attal lançou a associação "Faire face" ("Enfrentar", em tradução livre) contra o bullying na escola, com o objetivo de "federar", "ampliar" e "organizar" a mobilização de associações que lutam contra o problema. O ex-ministro da educação quer ajudar "um problema sistêmico a dar um passo sistêmico à frente".
Copresidente com Béatrice Le Blay, cujo filho Nicolas cometeu suicídio em setembro de 2023, e Elian Potier, uma ex-vítima do bullying escolar na França, Attal prometeu "compartilhar o trabalho" com eles, com intervenções específicas nas escolas.
"Obviamente, essa associação dependerá muito do compromisso dos voluntários e, esperamos, em breve, da equipe permanente da associação. E nós estaremos lá como uma bússola para definir o rumo da associação", disse ele à imprensa no final de uma manhã de debates sobre o tema do bullying na escola. O objetivo, disse o ex-primeiro-ministro, era responder a "uma necessidade de federar e ampliar" a ação das associações existentes e "organizá-la".
A "Faire face" terá três missões: responder imediatamente às escolas que procuram palestrantes sobre o assunto, e até mesmo cobrir as despesas de viagem para palestras; organizar treinamento para a equipe educacional, mas também em empresas para alcançar os pais; e organizar campanhas de conscientização para que o bullying escolar mobilize "toda a sociedade civil".
Por fim, o programa fornecerá apoio às vítimas e suas famílias, encontrando advogados voluntários quando elas quiserem apresentar uma queixa e até mesmo oferecendo assistência financeira aos mais desfavorecidos.
(Com agências)