Bitcoin dispara no mercado após eleição de Trump, que pode expandir setor das criptomoedas

O retorno de Donald Trump à Casa Branca favorece o setor das criptomoedas, que esperam um reposicionamento dos Estados Unidos no mercado global. Os grupos de apoio às moedas digitais arrecadaram cerca de US$ 245 milhões (R$ 1,41 bilhão) durante a campanha presidencial, segundo a Comissão Eleitoral Federal (FEC). 

Durante a campanha, em julho, Trump prometeu fazer dos Estados Unidos "a capital mundial das criptomoedas". Segundo o jornal The Washington Post, após a eleição presidencial, o magnata republicano buscou colaboradores favoráveis às moedas digitais para ocupar cargos importantes em seu futuro governo.

Alguns membros de sua equipe têm como missão compreender melhor as expectativas em relação à regulamentação das criptomoedas, segundo o jornal. A eleição de Trump fez o bitcoin, a moeda digital mais popular, ganhar mais de 25% em uma semana, superando, na quarta-feira (13), os US$ 90 mil (cerca de R$ 519,3 mil).

Trump planeja afastar do cargo o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), Gary Gensler, um crítico do setor. Sem regulamentação clara, o ex-banqueiro adotou uma abordagem repressiva, tratando as criptomoedas como produtos financeiros clássicos e tentando regulamentar seu funcionamento.

A SEC processou assim três das maiores plataformas de câmbio de criptoativos: Binance, Coinbase e Kraken, além de algumas start-ups.

"A ausência de regras claras não apenas impediu a inovação, mas também levou empresas do setor a migrarem para países com legislações mais transparentes", considerou Katherine Snow, responsável jurídica da Thesis, que desenvolve aplicações baseadas no bitcoin.

Novos produtos de investimento

Um projeto de lei que atualmente tramita no Senado americano prevê que outro regulador se responsabilize pelo setor, adotando uma perspectiva mais pragmática e menos dogmática.

Essa mudança regulatória poderia "acelerar a aprovação de novos produtos de investimento" e "aumentar o fluxo de capitais" para o ecossistema de moedas digitais, afirmou Simon Peters, analista da eToro.

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Chandra Duggirala, titular da incubadora Tides.Network, espera uma ruptura com a política do governo de Joe Biden, vista como "desfavorável às criptomoedas nos Estados Unidos". Ele destaca a pressão existente sobre os bancos tradicionais para dissuadi-los de colaborar com empresários da "blockchain", a tecnologia de base das moedas digitais.

"Gostaríamos que as pessoas talentosas não se sentissem intimidadas ao se juntar a essa indústria", afirmou Burnt Banksy, fundador da plataforma Xion.

Trump é sócio em plataforma de criptmoedas

Muitas vezes presentado como refúgio de especuladores e até de criminosos, o mundo das criptomoedas espera normalizar sua existência com Donald Trump na Casa Branca. Michael Cahill, da Douro Labs, especialista em dados financeiros, acredita no compromisso do futuro presidente com as criptomoedas porque "lançou seus próprios projetos" na área.

Em setembro, o bilionário e seus três filhos se associaram a vários líderes para lançar a World Liberty Financial, sua plataforma bancária no setor. Essa situação gera questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse, já que medidas favoráveis às criptomoedas beneficiariam diretamente este empreendimento.

Para os diretores da plataforma Coinhouse, o governo de Trump deveria incentivar os pagamentos em "stablecoins", criptomoedas indexadas a outras moedas, geralmente ao dólar, o que limita sua volatilidade.

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A legitimação das criptomoedas também beneficiaria a constituição de reservas nacionais de bitcoins, uma alternativa mencionada em julho por Donald Trump.

Segundo Simon Peters, o governo já possui cerca de 210.000 bitcoins provenientes, essencialmente, de apreensões em casos judiciais, o que equivale a aproximadamente US$ 18 bilhões (cerca de R$ 104 bilhões).

Com informações da AFP

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