Agricultores franceses mantêm mobilização contra acordo UE-Mercosul e ampliam reivindicações
Após uma primeira semana de mobilização contra o tratado de livre comércio que a União Europeia está negociando com os países do Mercosul, as reivindicações dos agricultores franceses se ampliaram. Os dois principais sindicatos agrícolas do país agora denunciam os "obstáculos" à produção.
O presidente da Federação Nacional de Sindicatos de Produtores Rurais (FNSA), Arnaud Rousseau, anunciou novas ações com a organização Jovens Agricultores (JA) no decorrer da próxima semana, para "denunciar os entraves à agricultura e a tudo o que hoje condiciona a nossa atividade".
Após ações simbólicas - bloqueios de estradas, incêndios, manifestações - reivindicadas em 85 departamentos franceses, os participantes dos atos agora terão como alvo prefeituras, agências de tratamento e distribuição de água e o Escritório Francês para a Biodiversidade (OFB). "Quase todos os departamentos planejam tomar medidas nos próximos dias", alertou a JA.
Entre as exigências dos manifestantes estão a volta de um agrotóxico da família dos neonicotinóides, pelos produtores de avelãs e beterraba sacarina, nocivo para os insetos polinizadores, proibido na França, mas utilizado em outros países da União Europeia.
Os produtores rurais exigem também o aumento do acesso à água e a simplificação das normas francesas e europeias, que consideram excessivamente burocráticas, apesar dos esforços feitos pelo governo para simplificá-las, após as manifestações do início do ano.
Protestos em toda a França
A Coordenação Rural, outro agrícola sindicato francês que multiplicou os atos nos últimos dias, pretende "ampliar" sua mobilização para além do sudoeste da França, onde as suas ações estavam concentradas.
Depois de instalarem uma barreira na fronteira com a Espanha, de realizarem um bloqueio do porto comercial de Bordeaux e da invadirem um escritório do OFB, o sindicato planeja uma manifestação na terça-feira (26) em frente ao Parlamento Europeu em Estrasburgo.
Forte opositora ao livre comércio há décadas, a Confederação Agrícola, organização que reúne integrantes antiglobalização, continua suas mobilizações contra o Mercosul, "pela defesa da renda dos agricultores" e pela transição agroecológica.
O sindicato também planeja uma mobilização num supermercado em Essonne, ao sul de Paris, na segunda-feira (25), e uma ação anti-Mercosul, na região da Dordogne, no sudoeste da França, na terça-feira (26).
O governo francês afirma avançou na construção de uma minoria para bloquear o acordo UE-Mercosul. Depois da Itália, a Polônia manifestou sua rejeição ao texto na sexta-feira (23).
Um debate seguido de uma votação sobre o tratado de livre comércio está planejado na Assembleia Nacional da França em 26 de novembro. A ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, prometeu abordar a questão dos pesticidas proibidos e novos anúncios nos próximos dias sobre "simplificação" da burocracia.
(Com AFP)