Guerra na Ucrânia se endureceu após eleição de Trump nos Estados Unidos, analisam revistas francesas

As revistas francesas desta semana analisam a próxima fase da guerra na Ucrânia. Enquanto os Estados Unidos se preparam para a posse de Donald Trump como novo presidente, o conflito já sofre as consequências do resultado das eleições americanas. No norte da Europa, a Letônia alerta para o risco de um novo ataque russo.

De acordo com Le Nouvel Obs, o conflito ficou mais duro, com a utilização, pela Rússia, de um míssil balístico de médio alcance equipado de uma ogiva hipersônica, reservado normalmente para armas nucleares. Uma escalada, após a eleição de Trump, que promete acabar com a guerra em "duas semanas", segundo suas próprias palavras.

Para a revista, o governo de Joe Biden ficou preso entre a determinação de Trump de terminar com o conflito e o temor do envolvimento de outras nações que poderiam formar uma coalizão antiocidente, envolvendo a Coreia do Norte e a China. Na frente de batalha, o Exército russo tomou a dianteira e conquistou diversas cidades ucranianas.

Neste contexto, a Ucrânia sairia perdendo em eventuais negociações. Para retomar a relação de forças anterior às eleições americanas, Biden teria permitido o uso, ainda que tardio e limitado, dos mísseis americanos ATAMACS de longo alcance, que até então proibia Kiev de usar nos territórios russos, interpreta Le Nouvel Obs.

Todos os olhares se voltam agora para Trump, que não teria "simpatia pela Ucrânia", diz a revista. A pressa do novo presidente americano, a paciência de Vladimir Putin e a urgência no campo de batalha ucraniano "criam o coquetel perfeito para chegar a um acordo prejudicial à Ucrânia", completa Le Nouvel Obs.

Alerta da Estônia

Enquanto isso, a Estônia incita os europeus a enviar soldados à Ucrânia para garantir a paz, destaca Le Point. Para o ministro das Relações Exteriores estoniano, Margus Tsahkna, citado pela revista, a melhor garantia de segurança para Kiev seria integrar a Otan, mas se os Estados Unidos se opuserem, a União Europeia deveria mobilizar seus exércitos imediatamente após um eventual cessar-fogo para dissuadir Moscou de atacar novamente.

Os países do norte da Europa se preocupam porque a guerra híbrida se intensifica também na região. Dois cabos de comunicação submarinos foram cortados no mar Báltico, no momento em que o navio chinês YiPeng3, comandado por um oficial russo, passava pelo local. Um dos cabos de fibra ótica ligava a Alemanha à Finlândia, o outro, a Suécia à Lituânia, onde a conexão internet foi brevemente interrompida.

Vizinhos da Rússia e geograficamente próximos da Ucrânia, os países bálticos e nórdicos sofrem o impacto direto das iniciativas de Putin na região, que é alvo de uma guerra de baixa intensidade desde 2010, através de violações do espaço aéreo e de sabotagens. 

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