Premiê francês consulta forças políticas para compor governo e tentar aprovar orçamento

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, começou, na segunda-feira (16), a consultar as forças políticas enquanto compõe seu governo, em busca de um caminho que lhe permita aprovar um orçamento sem maioria, após o congelamento do anterior por meio de uma censura.

"Orçamento, impostos, gastos: o grande teste de François Bayrou" é a manchete do jornal Les Echos, que destaca a série de consultas políticas que o novo premiê realiza desde o fim de semana. O centrista precisa formar um governo rapidamente, mas com uma classe política extremamente fragmentada, será difícil encontrar um equilíbrio, avalia o diário.

O novo premiê está recebendo os grupos parlamentares da Assembleia Nacional "por ordem de importância" numérica na câmara. Cabe a eles, então, decidir a composição de sua delegação.

"Qual tática para não ser o próximo Barnier?", se pergunta o jornal Libération no título de uma matéria, referindo-se ao primeiro-ministro destituído no início deste mês. Segundo o diário, o primeiro desafio de Bayrou será convencer as lideranças políticas a não votar uma nova moção de censura, como já ameaça o partido da esquerda radical França Insubmissa. O segundo será aprovar um orçamento para 2025, missão fracassada pelo último chefe de governo.

A primeira personalidade a ser recebida pelo premiê, na noite de sexta-feira (13), algumas horas após sua posse, foi o ministro francês do Interior, Bruno Retailleau, que faz campanha para permanecer no cargo. A possibilidade agita a esquerda, que recusa a possibilidade de uma nova e mais rígida lei de imigração, principal bandeira de Retailleau, célebre figura conservadora da França.

"Pacto de não-censura"

O jornal Le Figaro revela que o novo premiê afirmou a fontes próximas que pretende compor um governo "de personalidade" e reduzido, ao mesmo tempo em que negocia um chamado "pacto de não-censura", para não ter o mesmo destino que o primeiro-ministro antecedente. De acordo com o diário, o centrista quer tomar sozinho as rédeas do governo, mas resta saber se Macron, célebre por seu apego ao poder, o permitirá.

Nesta segunda-feira, a primeira a ser recebida foi a presidente do grupo dos deputados do partido Reunião Nacional, Marine Le Pen, acompanhada do chefe do partido Jordan Bardella, que saudou uma "metodologia mais positiva" do que a de seu antecessor, Michel Barnier, acusado de tê-la recebido tardiamente.

Ela aproveitou a ocasião para afirmar que o debate sobre o sistema eleitoral proporcional, também reivindicado por François Bayrou, deve ser iniciado "logo após o orçamento". Ela também associou a proposta da esquerda de não censurar o governo, caso este não use mais o 49.3, a "negociações indignas".

Continua após a publicidade

"Governo de reconciliação"

François Bayrou também conversou com Gabriel Attal, líder dos deputados macronistas e presidente do partido Renaissance, que saiu sem pronunciar uma palavra, com seu círculo explicando que ele deseja ser "uma força facilitadora, em apoio".

"François Bayrou quer um governo de reconciliação" é o título de uma matéria no jornal La Croix. No entanto, o premiê herda da administração Barnier, que durou apenas três meses, a busca pela melhor equação de como somar os três fragmentados blocos da Assembleia de Deputados, nenhum deles com maioria absoluta. Para o diário, a conta é complexa porque Bayrou "não quer ser prisioneiro de nenhum partido".

À noite, ele irá a Pau, cidade dos Pirineus-Atlânticos, onde é prefeito há 10 anos, para presidir o conselho municipal, com a intenção de manter seu mandato local.

(com AFP)

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.