Aeroporto de Paris registra aumento de 'mulas' transportando droga embarcada na América Latina
O aeroporto parisiense Roissy Charles-de-Gaulle, o maior da França, vem registrando uma alta preocupante no número de passageiros que tentam desembarcar transportando drogas. Essas "mulas", com são chamadas as pessoas carregam os entorpecentes, às vezes escondidos do próprio corpo, vem de várias partes do mundo, mas cada vez mais da América Latina.
Em meados de dezembro, uma jovem de 23 anos que embarcou em São Paulo entrou em pânico ao chegar em Paris. A moça, que não estava acostumada a viajar de avião, não conseguia encontrar a saída do terminal em Roissy. Aos prantos, ela foi pedir informações aos agentes da segurança aduaneira, que acabaram descobrindo que a passageira carregava 2,2 quilos de cocaína colados contra pele.
Casos como esses têm se multiplicado no aeroporto parisiense nos últimos meses. No final de novembro, as autoridades locais registraram 250 ocorrências envolvemos "mulas" em 2024, contra 211 durante todo o ano de 2023, número que já representava um aumento de 18%. O principal aeroporto parisiense recebe 67,4 milhões de passageiros por anos.
Esse aumento é adubado pela explosão do consumo de cocaína vinda da América do Sul na França e na Europa. Diante da saturação do mercado norte-americano, a droga vinda dessa região do mundo é cada vez mais presente nos países europeus.
"Nunca vimos tanta cocaína apreendida em Roissy", afirma Simon Decressac, chefe da alfândega da área de passageiros do aeroporto parisiense. Embora se recuse a divulgar os números exatos das apreensões deste ano, ele reconhece um "aumento de dois dígitos" em 2024, em comparação com os 700 quilos de cocaína descobertos em viajantes em 2023.
Brasileiros ingerem cápsulas com drogas
Nos voos que partem da Colômbia, as drogas são geralmente escondidas em malas, enquanto os voos brasileiros são caracterizados sobretudo pela recorrência de cápsulas de cocaína ingeridas, comprimidas e protegidas por pequenos recipientes de plástico rígido. Esse tipo de embalagem é mais confiável do que os preservativos usados no passado, que ameaçavam se romper e matar o usuário.
No entanto, "90% (das drogas) chegam por mar e por terra. Por via aérea, temos apenas uma parte muito pequena", ressalta Philippe Zeinulabedin-Rafi, chefe da divisão alfandegária em Roissy. Porém, com o endurecimento dos controles nos portos europeus, os traficantes de drogas estão tentando "aumentar o número de canais pelos quais o mercado pode ser abastecido", diz ele, especialmente a partir de certos aeroportos de partida, como a Guiana Francesa, um território francês na América do Sul, que faz fronteira com o Brasil.
Os números apontam, no entanto, que o canal mais importante usado por essas "mulas" em Roissy não é a América do Sul, mas a África Ocidental. Isso pode ser explicado pelo uso do continente africano como uma escala para as drogas latino-americanas.
Mulheres são maioria
Os traficantes de drogas pagam alguns milhares de euros para que as "mulas" transportem a droga. No entanto, esses viajantes, geralmente jovens e pobres, com uma clara maioria de mulheres, são abandonados pelos mandantes quando são presos.
As ocorrências de droga ingerida pelas "mulas" ou escondida em orifícios do corpo exige uma mobilização importante das autoridades locais. Em caso de suspeita, uma equipe médica deve ser acionada pelos responsáveis aeroportuários os procedimentos necessários podem levar horas.
(Com informações da AFP)
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