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Papa não se intimida com críticas do governo de Israel e volta a denunciar bombardeios em Gaza

22/12/2024 11h49

Após ser acusado pelo governo israelense de usar "dupla moral", o papa Francisco voltou a criticar os bombardeios na Faixa de Gaza neste domingo (22). Os comentários foram feitos durante a oração do Angelus, realizada excepcionalmente online porque o sumo pontífice está resfriado e quer se poupar antes dos compromissos natalinos.

"Com dor, penso em Gaza, em tanta crueldade, nas crianças metralhadas, nos bombardeios de escolas e hospitais. Quanta crueldade!", declarou o religioso em sua residência, a Casa Santa Marta, no Vaticano. O tradicional evento de domingo não pode ser realizado no palácio apostólico na Praça de São Pedro porque o papa está doente. No entanto, Francisco decidiu fazer a oração online, insistindo em sua comoção com a população palestina. 

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Na véspera, ele já havia expressado tristeza com a morte de sete crianças em ataques na sexta-feira (20) no enclave palestino. Segundo a Defesa Civil de Gaza, 10 integrantes de uma mesma família morreram em um bombardeio israelense em Jabaliya, no norte do território. "Não é a guerra, é uma crueldade. Falo isso porque é algo que me comove", afirmou em uma audiência com membros da Cúria, o governo da Santa Sé.

O sumo pontífice se pronuncia frequentemente sobre guerras pelo mundo. Mas, nos últimos tempos, vem intensificando as críticas a Israel, intensificando o tom de seus discursos e deixando de lado uma certa neutralidade política. 

No final de novembro, o papa denunciou "a prepotência do invasor" na Ucrânia, mas também na "Palestina", uma semana após a publicação de um livro no qual Francisco defende "investigar com atenção" se a situação em Gaza corresponde à "definição técnica" de genocídio. O líder do Vaticano já havia criticado em setembro o uso "imoral" da força no Líbano e na Faixa de Gaza.

Governo de Israel expressa indignação

Israel não demorou a rebater as declarações do sumo pontífice. "Os comentários do papa são particularmente decepcionantes porque estão desconectados do contexto real e concreto da luta de Israel contra o terrorismo jihadista", reagiu no sábado o Ministério das Relações Exteriores de Israel.

O comunicado ainda acusou Francisco de "duplas morais" e de "apontar o dedo para o Estado judeu e seu povo". Para o governo israelense, as críticas deveriam se concentrar nos agressores, "não na democracia que se defende diante deles". 

O texto ainda ressalta que quase 100 pessoas sequestradas pelo grupo Hamas continuam em cativeiro na Faixa de Gaza, entre elas vários menores. "A crueldade é que terroristas se escondam atrás de crianças enquanto tentam assassinar crianças israelenses", insistiu a diplomacia israelense.

Integrantes do grupo Hamas mataram 1.208 pessoas nos ataques de 7 de outubro de 2023. Já a ofensiva israelense deixou mais de 45 mil mortos no enclave palestino, segundo os dados do Ministério da Saúde da Palestina, considerados confiáveis pela ONU.

Novos bombardeios na Faixa de Gaza

A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou neste domingo a morte de 28 pessoas em vários bombardeios israelenses ao longo da última noite. Entre as vítimas, há quatro crianças que morreram em uma escola no leste da Cidade de Gaza, um local que acolhia desabrigados.

Em comunicado, o exército israelense afirmou que os ataques visaram "terroristas do grupo Hamas".

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