Por falta de fiscalização, Paris é a capital dos motoristas embriagados

Neste período de festas, o jornal Le Parisien denuncia a falta de fiscalização suficiente contra a embriaguez ao volante na capital francesa. Os motoristas parisienses com teste positivo no bafômetro são cinco vezes mais numerosos do que a média nacional, mas paradoxalmente a autuação contra esse tipo de infração é menos frequente do que em outras cidades francesas, o que alimenta o sentimento de impunidade, critica o diário.  

Enquanto o Brasil adotou a Lei Seca em 2008 e a fiscalização é feita tanto pela Polícia Militar quanto por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a França não dispõe de agentes especializados no policiamento de trânsito. O mesmo policial encarregado de impedir roubos, tráfico de drogas, homicídios e atentados é levado a fazer blitz no trânsito. Porém, como as outras demandas são prioritárias, a fiscalização de motoristas é considerada menos urgente.  

A Polícia Central de Paris garante que organizou, em 2023, 83 grandes operações de combate à insegurança rodoviária e 38 em 2022. O Ministério do Interior contabiliza, por sua vez, uma média de quatro testes de bafômetro por 1.000 habitantes na capital, em comparação com 119 por 1.000 no resto do país. O limite tolerado para dirigir é de 0,5 g de álcool por litro de sangue, o equivalente a 0,25 mg por litro na fiscalização. Cerca de 25% dos motoristas parisienses têm resultado positivo nos testes de alcoolemia, aponta o Le Parisien.

O presidente da associação DansMaRue (Na minha rua, em tradução livre) declara à reportagem que a polícia francesa não faz mais policiamento de trânsito, nem quando a infração acontece diante dos olhos dos policiais.

Um advogado especialista em leis de trânsito constata que a fiscalização preventiva tornou-se "inexistente" em Paris. Segundo ele, as blitz para verificação de motoristas alcoolizados diminuíram drasticamente em 15 anos e passaram a acontecer, principalmente, depois dos acidentes, para constar nos boletins de ocorrência. 

Por falta de policiais dedicados e por ser uma atividade não lucrativa para os cofres públicos, como são os radares de velocidade e a autuação automática por câmeras de vídeo em semáforos e faixas exclusivas de ônibus, Paris virou "a capital do álcool ao volante", denuncia o Le Parisien

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