Em votos para 2025, Macron faz mea culpa sobre crise política na França
O presidente francês, Emmanuel Macron, fez na noite desta terça-feira (31) o seu tradicional pronunciamento de fim de ano, no qual apresentou seus votos para 2025. O chefe de Estado adotou um estilo diferente, com um vídeo relembrando os melhores fatos de 2024. Mas o momento mais esperado foi quando Macron falou sobre a situação política do país, em crise há meses, e reconheceu sua parte de responsabilidade, principalmente após a dissolução da Assembleia e a convocação de eleições antecipadas.
"Se eu decidi dissolver [a Assembleia], foi para lhes dar novamente a palavra. Para encontrar a clareza e evitar o imobilismo que ameaçava [o país]", declarou Macron. No entanto, "devo admitir que, até o momento, a dissolução trouxe mais divisões do que soluções para o povo francês", disse o presidente. "Essa decisão produziu mais instabilidade do que serenidade e eu assumo a minha parte [de responsabilidade]", completou o chefe de Estado, mesmo se martelou que "a Assembleia atual representa o país na sua diversidade e também em suas divisões".
O discurso suscitou reações de líderes políticos e da imprensa, que comentou cada detalhe da aparição de Macron em cadeia nacional de televisão.
"Pela primeira vez em mais de 70 anos, o tradicional discurso presidencial foi aberto com um vídeo curto, comentado em voz off pelo chefe de Estado", publica Le Monde, destacando que Emmanuel Macron reconhece que a dissolução criou "mais divisões do que soluções" e pede um "novo começo".
O jornal francês analisa que Macron, "reduzido ao papel de figurante, agradeceu" ao ex-primeiro-ministro Michel Barnier, "que, depois de Élisabeth Borne e Gabriel Attal, assumiu um compromisso sincero", e também enviou seus "melhores votos" ao novo premiê, François Bayrou, "também à mercê de uma moção de censura".
Possibilidade de referendos
"Enfraquecido por uma dupla derrota eleitoral em 2024, nas eleições europeias e legislativas, o chefe de Estado pediu às forças políticas que façam de 2025 o ano 'da recuperação coletiva', para permitir 'estabilidade' e 'bons compromissos'", diz Le Monde. "Não podemos nos dar ao luxo de esperar", sentencia o vespertino, sublinhando a sugestão subliminar de Macron de realizar referendos populares e assim conseguir avançar decisões sobre questões polêmicas. O presidente francês, no entanto, permaneceu discreto sobre quais questões gostaria de consultar a população ou quando o faria.
"Macron permaneceu muito vago sobre suas intenções, não comentando sobre nenhum assunto em particular", avalia o jornal francês Le Figaro. "Essencialmente limitado a questões internacionais, já que não tem mais maioria no Congresso", o chefe de Estado mais uma vez "pediu um 'despertar europeu' e o fim da 'ingenuidade' no Velho Continente, diante de um mundo que está 'se movendo mais rápido', a menos de três semanas do retorno de Donald Trump à Casa Branca", publica Le Figaro. "Foi uma forma de desejar que o próximo ano não se assemelhe ao ano que está se encerrando, que viu o segundo mandato de cinco anos de Macron mergulhar no caos político, resumiu Le Figaro.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.