Polícia sul-coreana suspende operação para deter Yoon Suk-yeol após bloqueio da guarda presidencial

Um mês após Yoon Suk-yeol tentar impor a lei marcial, os policiais tentaram, sem sucesso, prendê-lo nesta sexta-feira (3) em sua residência oficial no distrito de Hannam, em Seul. Segundo testemunhas, os agentes foram bloqueados pela guarda presidencial e militares presentes no local, durante cerca de quatro horas. Yoon Suk-yeol é acusado de "rebelião" e "abuso de poder". 

De acordo com um comunicado divulgado pelo Escritório de Investigação de Corrupção (OIC), responsável pela execução do mandado de prisão, sua aplicação era "impossível", e seria interrompida para proteger a segurança dos funcionários.

"Em relação à execução do mandado de prisão hoje, chegamos à conclusão que ele é impossível, devido ao impasse contínuo", escreveu o órgão em um comunicado. O presidente deposto já deveria ser interrogado, mas não compareceu às intimações dos investigadores.

De acordo com a correspondente da RFI em Seul, Camille Ruiz, a imprensa não tem acesso à residência de Yoon. Mas o que se sabe, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, é que cerca de 150 pessoas foram mobilizadas para tentar prender o presidente. 

Os policiais chegaram por volta das 7h20 no horário local. Depois de passar pelo portão principal da residência, houve confrontos com soldados presentes na residência do presidente, segundo a agência Yonhap. Em seguida, a guarda presidencial teria bloqueado a ação dos policiais. Yoon está suspenso, mas tem direito à proteção, já que está oficialmente no cargo. 

Manifestantes cercam local

Nos arredores da residência do presidente, mais de 1.000 apoiadores acompanharam a operação. A base eleitoral ultraconservadora de Yoon Suk-yeol esteve presente quase 24 horas nos últimos dias. 

Desde que o mandado de prisão contra Yoon foi emitido em 31 de dezembro, centenas de seus apoiadores se se reúnem na área. Entre eles estão influenciadores de extrema direita e pregadores cristãos evangélicos, últimos apoiadores incondicionais de Yoon.

Mas os investigadores alertaram que qualquer pessoa que se opusesse à prisão do presidente deposto poderia ser "alvo de um processo". 

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Desde seu golpe de 3 de dezembro, Yoon se recusa a cooperar com a Justiça. Há temores de que novas tentativas de prisão possam desencadear ainda mais violência, agravando a crise na quarta maior economia da Ásia.

O órgão que centraliza as investigações contra Yoon tem até 6 de janeiro para executar o mandado de detenção. 

Advogados entram com recurso

Os advogados entraram com um recurso contra o mandado de prisão de Yoon, alegando que ele é "ilegal e inválido".

O presidente deposto é investigado por "rebelião", crime passível de pena de morte, e ignorou três intimações consecutivas para interrogatório.

Yoon Suk-yeol surpreendeu a Coreia do Sul em 3 de dezembro ao impor a lei marcial e enviar o Exército ao Parlamento.'

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Ele foi forçado a recuar horas depois, quando os parlamentares conseguiram entrar no local e aprovar uma moção que derrubou a lei marcial, enquanto seus assessores bloqueavam as portas da Câmara com móveis e milhares de manifestantes pró-democracia se reuniam do lado de fora.

O ex-promotor de 64 anos não mostrou arrependimento desde sua demissão e prometeu "lutar até o fim" em uma carta distribuída a seus apoiadores. "A República da Coreia está atualmente em perigo devido a forças internas e externas que ameaçam sua soberania", escreveu ele.

(RFI e AFP)

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