Rebeldes houthis reivindicam dois ataques contra porta-aviões dos EUA

Os rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, reivindicaram dois ataques; um no domingo (16) e outro nesta segunda-feira (17), contra o porta-aviões americano Harry Truman no Mar Vermelho. O grupo anunciou inicialmente que havia lançado 18 mísseis e um drone contra o porta-aviões e seus navios de escolta, antes de reivindicar uma segunda salva algumas horas depois.  

Com Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel

Os rebeldes ainda prometem atacar cargueiros dos Estados Unidos que navegam na região, em represália aos bombardeios americanos que deixaram 53 mortos e 98 feridos no sábado, na capital Sanaa. Washington afirma ter eliminado líderes importantes desse grupo xiita.

"Os americanos agora serão alvos da proibição de embarque enquanto continuarem com sua agressão", disse no domingo o líder dos houthis, Abdel Malek al-Houthi, em um discurso televisionado. "Nossa decisão só dizia respeito ao inimigo israelense, mas agora os Estados Unidos também estão incluídos", acrescentou.

Os houthis voltam ao jogo regional

Os houthis afirmam que atacam Israel em solidariedade aos palestinos da Faixa de Gaza. Após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 e o início da guerra entre Israel e o grupo palestino, os houthis, dispararam cerca de 400 mísseis e drones contra Israel, que também atacou o Iêmen. 

Agora, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou o ataque aos houthis como forma de punição pelas ações contra navios no Mar Vermelho com supostas conexões a Israel, mas também a Estados Unidos e Grã-Bretanha. 

Até o cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrar em vigor em janeiro, os houthis atacaram mais de cem navios mercantes com mísseis e drones, afundando duas embarcações e matando quatro marinheiros. 

Em entrevista à CNN, Steve Witkoff, enviado de Trump ao Oriente Médio, mandou um recado ao Hamas, dizendo que o grupo palestino "deve levar a sério" a ação norte-americana contra os houthis. 

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Em Israel, a força aérea está em estado de alerta por temer que o grupo do Iêmen volte a disparar mísseis e drones contra o país como resposta ao ataque dos Estados Unidos. 

Impasse segue entre Israel e o Hamas

A primeira fase do acordo terminou em 1° de março e há um cessar-fogo sem a libertação de reféns israelenses, além da interrupção de ajuda humanitária à Faixa de Gaza e do corte de uma linha de transmissão de energia que era fornecida ao território por Israel. Essa linha operava a usina de dessalinização da água no território palestino. 

Não houve progressos após mais uma rodada de negociações em Doha, no Catar. Israel e Hamas mantêm posições divergentes. 

A proposta do Hamas é libertar Edan Alexander, o único israelense com cidadania norte-americana que continua vivo, e devolver a Israel os corpos de mais quatro reféns.

Em troca, o grupo palestino quer que a ajuda humanitária volte a entrar na Faixa de Gaza e também exige o comprometimento israelense para negociar a segunda fase do acordo.

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Israel não quer entrar em negociações sobre a segunda fase do acordo, mas aceita o plano de Steve Witkoff, enviado dos EUA para o Oriente Médio.

O plano dos Estados Unidos

Steve Witkoff, o enviado de Donald Trump para o Oriente Médio, revelou que se reuniu por sete horas e meia com negociadores em Doha na semana passada. Esse esforço levou à elaboração de uma "proposta ponte" cujo objetivo seria conectar minimamente as expectativas das duas partes.

Segundo Witkoff, haveria a libertação de cinco reféns israelenses vivos, incluindo o israelense com cidadania norte-americana, e também a devolução dos corpos de dez reféns mortos. Em troca, Israel deveria libertar "uma quantidade significativa de prisioneiros palestinos". 

Mas a situação de impasse se mantém porque mesmo o Plano Witkoff não atende a demandas fundamentais do Hamas, como a retirada integral das tropas israelenses da Faixa de Gaza e a declaração oficial por parte de Israel sobre o fim da guerra. Aliás, Witkoff mencionou que as exigências do Hamas seriam impraticáveis. 

A lista do Hamas

Segundo uma fonte citada pela Rede Al Jazeera, do Catar, o Hamas exige a retirada completa de Israel do Corredor Filadélfia, a faixa de cerca de 14 quilômetros de extensão que divide Gaza e o Egito; a reabilitação completa da Faixa de Gaza (eletricidade, abastecimento de água, saneamento, reconstrução de ruas e estradas destruídas e a operação de agências da ONU); também exige a entrada de ajuda humanitária e o encerramento de todas as atividades militares israelenses. 

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Para Israel e Estados Unidos, a lista seria impraticável porque o Hamas continuaria no controle da Faixa de Gaza. Ambos já declararam que não aceitarão que a guerra termine com o grupo palestino ainda soberano no território. 

Segundo informações obtidas pela RFI, Israel também considera uma ação militar de alta intensidade e curta duração na Faixa de Gaza para forçar o Hamas a aceitar as condições israelenses para estender a primeira fase do cessar-fogo sem negociar a segunda fase. 

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