CPI do Cachoeira pode retirar pedido de investigação de Gurgel
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), reconheceu nesta terça-feira a possibilidade de retirar o pedido de investigação contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o indiciamento de cinco jornalistas para viabilizar a votação do seu parecer. Os dois pontos são os mais atacados pelos parlamentares do colegiado que investiga a relação do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados.
"Encaminhar ou não a análise da conduta da PGR para o CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] é irrelevante, não é questão central no nosso relatório. Essas questões só têm sentido - qualquer conversa sobre o acessório, o acidental -, se isso aglutinar força para aprovar o relatório", declarou. "Esse é um elemento que cria obstáculos à aprovação do relatório. O PMDB tem dito que não vota com isso".
Cunha afirmou que, assim como o pedido de investigação de Gurgel, o indiciamento do chefe da sucursal da revista "Veja", Policarpo Júnior, e de outros jornalistas é uma questão "assessória" do relatório. Por isso, se essa for uma questão que impeça a aprovação do relatório, ele disse que pode rever o texto. Com isso, o indiciamento pode ser convertido em uma sugestão de investigação dos nomes pela Polícia Federal. "Se der maioria para aprovar o relatório, não é questão essencial [indiciamento dos jornalistas]", apontou.
Além disso, o relator afirmou que não retiraria só o pedido de indiciamento contra o chefe da "Veja" em Brasília. "Se eu não posso fazer juízo de valor sobre um [Policarpo], não posso fazer sobre nenhum. Então, eu poderei recomendar maiores investigações sobre esse tipo de conduta", disse.
O relatório da CPI do Cachoeira, depois de uma sucessão de adiamentos, deve ser lido nesta quarta-feira. Cunha antecipou que vai ler um "sumário executivo" do seu parecer, com cerca de 300 páginas. O texto a ser lido já deve conter o resultado das negociações com os outros deputados e senadores e, possivelmente, sofrerá mudanças para viabilizar a sua aprovação.
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