Conteúdo publicado há 4 meses

Governo Lula não tem iniciativa para combater crime organizado, diz Derrite

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, criticou neste sábado (6), o governo federal no evento CPAC Brasil, congresso conservador focado em nomes e políticos da direita e da extrema direita, em Balneário Camboriú (SC). Os presidentes Jair Bolsonaro e Javier Milei participam do evento.

O que aconteceu

Derrite mencionou operações policiais sob o comando do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Após elogiar Tarcísio, o secretário criticou o governo federal. "Não há nenhum tipo de iniciativa do governo federal para coordenar e combater o crime organizado", disse ele ao público do evento. "Temos que nos organizar os estados sérios que querem combater o crime organizado."

Ele citou a expansão da facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) no Brasil e no mundo. O secretário disse que existe um grupo de trabalho para o combate do tráfico de drogas com os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Segundo ele, o PCC tem hoje cerca de 40 mil integrantes.

O secretário de segurança elogiou as operações na Baixada Santista. A operação Escudo foi considerada a mais letal do estado de São Paulo desde o massacre do Carandiru, em outubro de 1992. Derrite pediu ainda aplausos a policiais que acompanhavam o evento voltado a direita e extrema direita.

Ele disse que o estado disse atua em três frentes para combater o crime organizado. Segundo eles, as forças de segurança estão focadas na "busca e captura das principais lideranças, em inviabilizar a cadeia logística do crime e em impedir a lavagem de dinheiro."

Derrite também disse que "está secretário e deputado", mas "o sangue é de polícia que corre na veia". Derrite porém tem pretensões políticas, segundo parlamentares ouvidos pelo UOL. As aspirações do atual secretário são tanto para o Senado quanto para o governo de São Paulo, em 2026.

O secretário paulista defendeu mudanças na legislação pelo endurecimento penal. O secretário lembrou da proibição das saídas temporárias e se referiu a Lula como "o indivíduo no Palácio do Planalto". Ele agradeceu aos deputados de direita e disse que o Senado ficou adormecido. Derrite se disse contrário às visitas íntimas e à progressão de regime. "O criminoso não tem medo da lei. Nós, conservadores, temos que lutar para mudar a lei", disse.

Bolsonaro e Michelle também discursam

Na abertura do evento, Bolsonaro falou aos apoiadores, citou a imprensa e as mídias sociais. "A imprensa que me critica. Se acham que vão me desgastar, as mídias sociais nos deram liberdade", disse ele ao avisar que discursaria ao público presente. O presidente argentino Javier Milei também confirmou presença no evento.

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Bolsonaro disse que "redirecionaria o destino" do país. "Não tenho ambição pelo poder, tenho obsessão", disse ele. Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal na noite de quinta-feira (4) por peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa e lavagem de dinheiro na investigação sobre a venda no exterior de joias recebidas durante viagens oficiais pela Presidência.

O que é o evento

O CPAC (Conservative Political Action Conference) reúne instituições e políticos conservadores desde 1974. No Brasil, aconteceu pela primeira vez em outubro de 2019, em São Paulo e, desde então, outras três edições foram realizadas. Neste ano, o evento será em Balneário Camboriú, nos dias 6 e 7 de julho.

O filho de Bolsonaro, Jair Renan, será candidato a vereador na cidade do evento. Ele trabalhava como assessor parlamentar no gabinete do senador Jorge Seif (PL) e foi exonerado na última segunda-feira (1°).

Dois governadores estarão presentes: Jorginho Mello (SC) e Tarcísio de Freitas (SP). O prefeito da cidade que sedia o evento, Fabrício Oliveira, também será um dos palestrantes. O convidado para falar sobre segurança pública é o chefe da pasta em São Paulo, Guilherme Derrite. A presença de Tarcísio foi confirmada pela Folha de S. Paulo.

Conservadores de outros países da América Latina também confirmaram a participação na edição brasileira. Entre os políticos e artistas confirmados estão o presidente argentino Javier Milei, o ministro da Justiça e Segurança Pública de El Salvador, Gustavo Villatoro, o presidente do Partido Republicano do Chile, José Antonio Kast e o cantor que tenta o pleito de presidente do México, Eduardo Verástegui.

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Presença de Milei pode abalar relação com o Brasil e Mercosul. O governo argentino informou que o presidente não participará da próxima reunião do Mercosul, nos dias 7 e 8 de julho, no Paraguai. A justificativa foi "agenda sobrecarregada".

Entre os patrocinadores do evento, duas empresas levam o nome Bolsonaro: a adega Vinho Bolsonaro "il Mito" e a gráfica Bolsonaro Store. Além delas, a Aprosoja Mato Grosso (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), a Tuboaços da Amazônia, a Camisetas Opressoras, a Granrede Engenharia, a Leone Pavan Empreendimentos e a viação Graciosa.

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