Ex-ministro Thomaz Bastos evita comentar acusação contra Lula
O advogado criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos disse que ainda não conversou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre uma estratégia de defesa quanto às declarações do publicitário Marcos Valério de que Lula teria recebido dinheiro do esquema do mensalão para pagar contas pessoais. A afirmação foi feita por Valério à Procuradoria-Geral da República (PGR) em depoimento em setembro, que estava sob sigilo e cujo conteúdo foi revelado na edição de hoje do jornal "O Estado de S. Paulo".
Márcio Thomaz Bastos afirmou que não quer se pronunciar sobre o depoimento, nem questionar a credibilidade de Marcos Valério, como têm feito parlamentares da base de apoio do governo federal. "Eu não sou da base aliada", disse o advogado.
O ex-ministro diz preferir não comentar o episódio pois defende um dos réus no julgamento do mensalão, o ex-diretor do Banco Rural, José Roberto Salgado, condenado a 16 anos de prisão, pena que o advogado pretende reduzir. "Vou esperar a publicação do acórdão [pelo Supremo Tribunal Federal]. O Valério é um dos corréus. Pode prejudicar", afirmou Márcio Thomaz Bastos, que costuma defender e aconselhar o ex-presidente Lula em assuntos jurídicos.
Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos de prisão pelo Supremo, disse, em depoimento à PGR, que se encontrou, em 2003, com Lula e o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, em reunião que teria dado o sinal verde para a tomada de empréstimos e a posterior compra de votos de parlamentares, no esquema que ficaria conhecido como o mensalão do PT. O encontro dos três, segundo Valério, durou três minutos e ocorreu no gabinete presidencial, onde Lula teria dado um "ok" para a operação.
Parlamentares da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff, no entanto, questionam a credibilidade do depoimento, cujo objetivo seria a redução da pena imposta à Valério, por meio dos benefícios da delação premiada.
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